segunda-feira, 14 de maio de 2012

Crítica Literária - A Batalha do Apocalipse - Parte 2 (Final)

Para ter acesso á parte 1, clique aqui 1

ATENÇÃO : O texto abaixo contém spoilers (revelações sobre o enredo) do livro A Batalha do Apocalipse.


Então, enfim terminei de ler ABDA, na minha opinião, o melhor livro brasileiro que li em toda a minha vida.

Então, tentarei escrever aqui comentar alguns detalhes do livro que não narrei no primeiro texto, e ainda dizer minha impressão sobre o desenvolvimento e final da história.



Um dos grandes triunfos do livro já citado na crítica anterior é a fantástica construção de personagens. Mas, os personagens citados no texto anterior foram os principais (Ablon, Shamira , Lúcifer, Miguel e etc.), e não os meus favoritos que foram ganhando esse título durante suas aparições na trama. Agora, lá vem a definição dos meus personagens prediletos:

Orion  - Foi, no passado, um grande rei de Atlântida, mas quando sua cidade foi dizimada, aliou-se á Lúcifer, e começou a fazer parte do seleto grupo dos oito duques do inferno, liderados por Lúcifer. Uma grande característica de Orion, é que mesmo sendo um "demônio" não perde seus costumes angelicais, ajudando seus amigos quando esses precisam.

Aziel - Um anjo ishim controlador da província do fogo, Aziel, por mais fraco que seja, é um guerreiro bravo, e sua devoção por Gabriel são dignas de um personagem secundário perfeito.

Amael - De todos, o meu preferido. Sempre choroso e lamentando por dentro por ter ajudado a destruir Atlântida, Amael sempre transpareceu ser um demônio fraco e dependente de Lúcifer, mas mostrou ser o contrário disso quando, no final do livro, aniquilou Lúcifer com a ajuda de Aziel.

Ainda falando sobre Amael, Eduardo Spohr (o autor da obra) foi muito inteligente ao colocar em Amael uma característica que poucos escritores conseguiriam colocar em outros personagens. Ele conseguiu deixar a história de Amael bem visível e imaginável durante todo o livro, nunca deixando segredos sobre o sofrimento presente em sua consciência, e acabou fazendo com que Amael passasse despercebido durante todo o livro, exceto no final, quando mostrou "a que veio" finalmente deixando sua essência culposa e todo seu poder oculto aflorarem. Exatamente como J.K. Rowling fez com o personagem Severo Snape na saga Harry Potter. Para mim, o melhor personagem do livro, embora não tenha aparições tão presentes quanto as de Ablon e até mesmo Aziel.
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Um dos pontos fortes do livro, é que a linguagem utilizada é uma linguagem compreensível. É certo que palavras como "imensurável, estupendo e magnânimo" são usadas com constância, mas qualquer um entenderia o sentido das palavras, dependendo do contexto. São palavras pouco usadas, mas não palavras desconhecidas como "vilipendiado".
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Como todo boa obra literária com mais de trezentas páginas, "A Batalha do Apocalipse" tem uma série de segredos que ajudam a compor sua trama, e, diferente de alguns grandes sucessos dentro (Agatha Christie) e fora (Lost) da literatura , todos os segredos são solucionados de forma fantástica.
Citarei alguns segredos que tiveram grande importância e foram solucionados com grande esperteza de Eduardo Spohr:
* Miguel e Lúcifer estavam, desde o início, arquitetando uma aliança para que pudessem governar juntos o universo após o apocalipse.
*Os personagens Anjo Negro e Apollyon são a mesma pessoa.
*Yaweh (Deus) não estava adormecido durante todo o livro, e sim havia se "espalhado" por todo o mundo, formando a alma da natureza e grande parte da essência da alma humana.
*O arcanjo Gabriel é o verdadeiro pai de Jesus Cristo, o Salvador.

Se referindo ao último segredo citado, existem algumas coisas importantes que se é necessário saber.


Existem várias história baseadas nos contos bíblicos apresentadas durante a trama do livro.
É bem provável que este livro possa despertar a raiva dos religiosos justamente por utilizar as histórias bíblicas de modo tão controverso, então é necessário que se deixe bem claro que:
O livro não apresenta nenhuma teoria! É pura ficção. O negócio é o seguinte, Spohr escreve tão bem que seus contos fantásticos são tão fantásticos que nos fazem pensar. Mas para que se entenda A Batalha do Apocalipse como a representação de alguma mitologia ou religião é preciso ser um retardado mental (palavras do sábio Jô Soares, em sua entrevista com o autor Eduardo Spohr).
O fato dessas história nos fazerem refletir, pode ser explicado com um provérbio italiano.
Se non é vero é ben trovato. Traduzido como "Se não é verdade, é bem inventado".

E para finalizar a crítica, um breve comentário sobre o final do livro, sem revelar muito, pois muitos mistérios já foram revelados nessa crítica, fazendo com que a quantidade de spoilers possa estar irritando.
Então, o final se utiliza de um elemento-surpresa que faz com que somente quem leu o livro com muita atenção o entenda, já que um "elemento" necessário para o final feliz é apresentado mais ou menos na faixa de duzentas páginas do livro, e a obra se finaliza em 586 páginas, ou seja, boa memória e atenção são necessárias para se ler o livro.
O único empecilho que impede o livro de ser considerado um livro perfeito, é o final feliz, com namoradinhos vivendo no mundo perfeito, pacífico e sem guerras. Mas tirando esse final á la Spielberg, o livro é ótimo. A melhor obra brasileira que leio em anos.

Nota 9,5 para o livro, meu favorito livro nacional.
E nota 10 para a qualidade de escrita do autor, grandioso Eduardo Spohr.



                                         
                                           

Um comentário:

  1. Bela crítica Raphael! Li o livro e você em poucas palavras o descreve muito bem!

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