A sétima arte, antigamente, costumava focar nos filmes e, de uma forma justa, em seus diretores. Afinal, sem os diretores e suas percepções, um filme não seria nem metade do que é. Portanto, assim como é importante saber o nome do compositor de uma canção, era considerado necessário creditar o diretor de um filme que se admira pelo belo trabalho que o diretor houvesse realizado.
Hoje em dia, não é apropriado dizer que esqueceram os diretores...apenas se acostumaram com poucos. O grande público dificilmente conhece um diretor sério e que realmente seja importante para a historia do cinema. E isso é injusto, pois diretores como Gus Van Sant e Ingmar Bergman merecem ser lembrados tanto quanto os famosos e superestimados Tim Burton e Steven Spielberg.
Um dos diretores que costuma ser esquecido é Stanley Kubrick, grandioso cineasta responsável por roteiros que marcaram gerações com seu estilo tenebroso e sério de dirigir.
Para conhecê-lo e também não deixar que tal artista caia em esquecimento, dez perguntas podem ser feitas e respostas podem ser dadas a respeito da vida, obra e curiosidades a respeito do genial (e talvez louco) cineasta Stanley Kubrick.
Ao contrário do que muitos pensam, Kubrick não era britânico (nascido na Inglaterra) e também não foi criado por lá. Ele nasceu, surpreendentemente, nos Estados Unidos da América. Mais especificamente na cidade de Manhattan. Se Manhattan já é algo surpreendente de se relacionar com Stanley Kubrick, o lugar aonde ele foi criado é ainda mais.
Poucos sabem, mas o gênio cinematográfico cuja obra soa britânica viveu parte de sua vida no Bronx, um bairro conhecido de Nova York.
Para provar o quão o gênio era "fora" de seu ambiente, Kubrick não só era um cineasta no meio de um dos lugares mais perigosos (criminalmente falando) do país como também era alguém com pensamentos sobre ficção científica e tramas envolventes na época em que quase ninguém pensava nisso. Nascido em vinte e seis de julho de 1928, talvez Kubrick tenha sido o maior gênio daquela época, onde o cinema era fraco e considerado "arte pra poucos".
Embora as imagens mais divulgadas do diretor sejam as em que ele já estava em sua "forma idosa" (cultivando sua barba grisalha e com quase mais nenhum cabelo), o homem começou como um garoto.
Encaminhado por seu pai Jacques Leonard Kubrick (físico influente em jornais e revistas nova-iorquinas), o primeiro emprego de Stanley foi como fotógrafo na revista Look.
Especializando-se em câmeras, Kubrick logo descobriu que a carreira que amaria para sempre seria relacionada a outro tipo de câmera...e realizou alguns curta-metragens como Flying Padre, Day of The Fight e The Seaferes, que o lançaram no mundo do cinema.
Stanley abandonou os filmes de trinta minutos e logo partiu para o caminho que o consagrou : Os longa metragens.
No mesmo ano em que produziu e dirigiu seu último curta (The Seaferes, de 1953), Stanley também lançou sua estreia em longas. O filme Fear and Desire (traduzido como "Medo e Desejo") tinha, no roteiro, um grupo de soldados encurralados atrás de linhas inimigas. Por falta de dinheiro, Kubrick contou com a ajuda de um tio rico para financiar Fear and Desire, e não ficou satisfeito com o resultado final...tanto que comprou ele mesmo boa parte das cópias, dizendo que aquilo era um trabalho amador.
Mesmo depois de ter lançado dois filmes, foi apenas em 1957 que Stanley conseguiu ser reconhecido como um diretor de cinema com potencial a ser explorado.
Com o lançamento do filme Paths of Glory (Glória Feita de Sangue), baseado no livro homônimo de Humphrey Cobb, Kubrick conseguiu a fama por dois motivos.
Primeiro pelo belo potencial e ótimo enredo do filme que Stanley dirigiu com sapiência.
E segundo pelo exímio elenco, já que o filme era estrelado por Kirk Douglas, galã da época que viria trabalhar com Kubrick novamente no filme Spartacus.
Kubrick, apesar de ser um excelente artista, nunca teve caprichos de famoso. Embora muito reservado para com outras pessoas e embora suas entrevistas fossem raras, Kubrick nunca fez nada que os outros famosos costumavam fazer. Exceto por se casar várias vezes (que é um hábito de celebridades).
Sua primeira esposa foi Toba Mertz, com quem ficou casado de 1948 até 1951. Depois de Toba, Stanley se encantou por Ruth Sobotka, com quem se casou em 1955 e da qual se divorciou em 1957, logo após o lançamento de Paths of Glory.
A última esposa de Stanley foi Christiane Kubrick, com quem se casou em 1958 (isso, apenas um ano após seu divórcio de Sobotka) e permaneceu casado até o último dia de sua vida.
06 - Quais os filmes de guerra feitos por Kubrick?
Stanley sempre demonstrou um tipo de afeição pela temática "guerra", sendo que até os seus primeiros longa metragens se baseavam neste estilo de filme.
Desde seu primeiro longa-metragem Fear and Desire, Kubrick mostrou ter aptidão pra esse ambiente com esse tipo de personagens e situação.Após este, veio Paths of Glory, também baseado em uma guerra fictícia. E em 1960 ele provou que suas guerras não seriam bem elaboradas apenas com mísseis e metralhadoras, com o filme Spartacus, que retrata uma guerra entre escravos, romanos, gregos e outros povos que se utilizavam de flechas, espadas e lanças.
Após Spartacus, em 1964 o filme Dr. Fantástico foi responsável por trazer, pela ótica de Kubrick, uma visão cômica sobre a Guerra Fria. E, finalmente, em 1987 foi lançado Full Metal Jacket (Nascido Para Matar), o primeiro filme de guerra feito por Kubrick que não tinha como principal tema os combates da guerra, e sim a situação mental e emocional de um soldado durante seus acontecimentos.
Surpreendentemente, apenas um! E nem foi de melhor diretor.
O único Oscar que Kubrick teve a felicidade de ganhar foi em 1968 de Melhores Efeitos Especiais, com o filme "2001: Uma Odisseia no Espaço" que, curiosamente, não se utilizava de efeitos muito notáveis, mas que eram sim revolucionários na área cinematográfica.
Fora isso, Kubrick já foi indicado mais doze vezes ao Oscar. Cinco vezes por melhor roteiro, três por melhor filme e quatro por melhor diretor.
Quem vê o nome de Stanley sendo associado com Laranja Mecânica, O Iluminado e mais diversos filmes de gerra ou com temática sombria e obscura, mal imagina que ela já tenha tido seus momentos de leveza.
Em 1962, foi lançado o filme Lolita. Algo surpreendente, pois não se esperava que Kubrick (até então o diretor de guerras) teria capacidade de dirigir um filme sobre um romance entre um homem mais velho com uma adolescente que, mesmo que contivesse cenas "tensas" em seu enredo", não deixava de ser algo fácil demais para um diretor como ele.
Mas, se cabeças já explodiram com Lolita, elas explodiram ainda mais em 1964 quando Stanley lançou o filme "Dr. Strangelove or: How I Learned To Stop Worrying and Love the Bomb" (Dr. Fantástico), com Peter Sellers no papel principal. Este filme é uma comédia. SIM! UMA COMÉDIA DE KUBRICK! Algo quase inacreditável, e quase mentira. Se não fosse o fato de ser uma comédia retratada durante a Guerra Fria, seria fácil deduzir que Kubrick foi obrigado a dirigir este filme.
Sim. A partir de 1962, com o filme Lolita, Kubrick criou sua assinatura. Algo que deveria, a partir daquele momento, aparecer em todos os seus filmes - Uma cena no banheiro.
Começou com Lolita, a cena em que o Professor Humbert descobre que sua esposa está morta enquanto toma um banho de banheira. Depois, em Dr. Fantástico, o General Ripper se mata no banheiro. No final do filme Laranja Mecânica, o personagem principal Alex tem um surto psicótico no banheiro.Também no filme Barry Lyndon, a reconciliação entre o casal principal é realizada em um banheiro. No filme O Iluminado, existem várias cenas tensas no banheiro, especialmente a em que Jack encontra o cadáver de uma mulher em um dos banheiros do hotel. No vídeo acima, está a cena do suicídio de um dos soldados do filme Nascido Para Matar, e provavelmente a melhor cena do filme. Sem contar também as cenas de discussão do casal protagonista do filme De Olhos Bem Fechados, que também se passa em um banheiro.
Stanley Kubrick chegou a afirmar publicamente que se utilizava deste cenário por ser um sinal de negação do homem, um ambiente natural em que nos aproximamos de nosso senso primitivo.
A morte do diretor foi uma grande perda para o universo cinematográfico.
Talvez o diretor mais versátil que já tenha pisado na Terra (com comédia, terror, romance, épicos, guerra e drama em seu currículo), Kubrick encantou multidões, assim como também as entediou, criando legiões de fãs e batalhões de odiadores - os famosos haters.
Quando o cineasta morreu, deixou pra trás quem o admirava, quem se espelhava nele, quem convivia com ele e, principalmente, todos os personagens que ele ajudou a criarem vida.
"Stanley Kubrick foi um grande mestre no cinema. Ele não copiou ninguém, enquanto todos nós fomos impulsionados a matá-lo." Essas palavras bonitas e sombrias (como a vida de Stanley) foram ditas por ninguém menos que Steven Spielberg, diretor que se consagrou com o filme Inteligência Artificial que, como poucos sabem, tinha mão de Kubrick envolvida.
Kubrick morreu em 07 de Março de 1999, devido a uma parada cardíaca enquanto dormia. Uma morte calma como seus filmes e inesperada como o final de cada um deles.
Tendo morrido quatro dias após o encerramento das filmagens de seu último longa metragem, seria quase certo afirmar que o gênio viveu apenas para o cinema...e não se apressou com nenhuma de suas obras, sendo que até a morte esperou que ele finalizasse seus trabalhos.
A própria falta de sentido da vida força o homem a criar seu próprio significado. E se ele pode ser escrito ou pensado, pode ser filmado. - Stanley Kubrick.
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