O último livro que eu li não é bem um livro, é uma revista em quadrinhos de capa dura. E aqui em baixo o registro sobre a leitura e uma pequena crítica sobre o livro/HQ em si.
O leitor que irá ler este livro deve estar ciente de que não é necessário ter lido o "Batman- Crônicas vol. 1", sendo que para total compreensão da leitura deste livro é necessário apenas saber quem são Batman e Robin (e creio que qualquer um que viva no planeta Terra conhece Batman e Robin). Embora o primeiro volume apresente a primeira história de Batman e a estreia de Robin, o segundo volume não contém nenhuma história que tenha ligação direta com essas de "origem". É puro entretenimento, não é necessário nenhum conhecimento profundo sobre os personagens e suas origens. Apenas saiba: Eles lutam contra o crime! Pronto, isso é o que você precisa saber.
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O livro pode ser bom ou ruim, ótimo ou péssimo, dependendo de como o leitor for.
Se for alguém como eu que adora histórias em quadrinhos mas nunca havia lido Batman antes, vai adorar a experiência.
Se for alguém que acompanha Batman desde os tempos primórdios de suas revistas até a atualidade, vai refletir sobre a evolução do personagem.
E se for alguém que está familiarizado apenas com o Batman das HQs atuais, corre grande risco de não gostar e até mesmo achar algo "errado", algo "nada a ver".
O Batman com o qual estamos acostumados é o Batman de Christopher Nolan, o Batman sério, frio, tranquilo e antipático.
Mas o Batman original, é o Batman de Bob Kane, o Batman brincalhão, nada frio e calculista como o que conhecemos e amamos.
Parece até algo meio bizarro e sem sentido. "Isso é ridículo, o Batman não pode ser assim", é o que eu pensaria se já não estivesse esperando por algo assim.
Algo que realmente faz com que percebamos as diferenças do Batman atual para o Batman clássico é as falas do próprio personagem.
Pegue qualquer revista atual do Batman, qualquer uma. Certamente você não vai ver o Batman fazendo nenhuma piada. De maneira nenhuma. Batman não é um herói que faz piadas, esses são o Homem Aranha e o Super Choque, não o Batman. Engano seu! Você pode encontrar em "Batman - Crônicas vol. 2", cenas em que o protagonista nunca poderia ser o Batman com o qual estamos familiarizados.
Como essas:
(Perdão pela má resolução das imagens).
Aqui, ao ser surpreendido por um inimigo, Batman exclama, enquanto desfere um soco "Não devia me surpreender assim, meu coração é frágil." Um deboche quase que sarcástico que poderia significar "Oh, como eu me assustei!"
Já nesse quadrinho, Batman, ao atingir um inimigo pela "retaguarda", comenta "Parece que cheguei aos fundilhos de seus problemas."
Algo cômico, mas não tão infantil quanto a revista deveria ser.
E neste balão Batman diz a um de seus vilões "Sua mãe nunca lhe disse para não brincar com fósforos?".
Algo que seria considerado comum na época de 1940, mas totalmente fora do comum em meados de 2012, onde estamos familiarizados com este Batman:
Se o quadrinho em cima fosse estrelado pelo clássico e original Batman de Bob Kane, ao invés de "Eu não tenho um irmão ", Batman diria "Sou filho único, não tenho irmãos escroques". E ao invés de "Você perdeu a cabeça" ele diria "O que você andou bebendo?" ou algo do gênero.
Muitos poderiam até achar que isto é algo ruim, algo que não seria aceito. Mas eu acho que isto é totalmente fantástico. É preciso lembrar que não existiam super-heróis, Batman foi um dos pioneiros na onda de "proteger cidades e salvar o mundo", não havia a liberdade de se escrever uma revista com violência, frieza e credulidade do modo que são escritas atualmente. Essas características se desenvolvem com o tempo, e é necessário começar por algum lugar. E o Batman começou com a espontaneidade e alegria rara nas HQs atuais mas totalmente presente nas clássicas. E se fosse tão ruim quanto parece, não haveria feito tanto sucessos como fez em 1940, e não haveria evoluído como evoluiu e não haveria se transformado no Batman tão adorado e querido dos tempos atuais.
O Batman clássico pode não ser recebido de braços abertos pelo público moderno, pois não é o que se espera de "um Batman", mas faço minhas as palavras que Pablo Peixoto usou para definir o seriado clássico da década de 60 "Batman e Robin" :
"Eu classifico como cult, ela é desse jeito e você tem que assistir e gostar do jeito que é. E, claro, você tem que se sintonizar no estado de humor daquela época pra poder gostar."
Ou seja, finja que está em 1940 e que HQs são novidade, e aí sim você notará o quanto "Batman - Crônicas vol. 2".
Respondendo ao título da postagem: Sim, vale a pena.
Nota 10 para a revista.