Dando, finalmente, final a seleção de postagens especiais para o Mês das Crianças, preparei algo que crianças adoram - Uma história. Ou melhor, uma fábula. Não tão profissional como as de Esopo ou as de La Fontaine... mas com tanta emoção, dedicação e significado quanto.
A vocês, com orgulho e ajuda de meu amigo ilustrador Mateus Queiroz, eu encerro O Mês da Criança com a fábula da Raposa e do Sabonete!
Na floresta, uma raposa passeava.
Havia acabado de se alimentar com algumas uvas e já estava entediada.
- Que floresta chata! - Ela resmungava. - Sempre as mesmas coisas! Galhos, pedras e folhas. Não há nada divertido por aqui.
E enquanto reclamava, chegou sem querer á uma parte da floresta que nunca visitara antes.
A raposa não sabia, mas era um acampamento humano.
Tendas por todos os lados. Diversos utensílios espalhados, ao lado de cestas cheias de comida que a raposa jamais comera. Livros empilhados, cadeiras, sacos de dormir, produtos de higiene. Dezenas de utensílios humanos que a raposa não fazia nem ideia do que eram ou de qual era sua utilidade.
A raposa então começou a brincar.
Apanhou um celular que estava em cima de uma mesa e começou a mordiscar. Quando seus dentes tocavam os botões, um barulho agradável se formava e a raposa achava engraçado. Passou muitos minutos brincando com o celular.
Depois, começou a arranhar um livro. Conforme virava as páginas, imagens se formavam. Uma mais bonita que a outra, encantando os olhos da raposa. Era tão lindo, e ela passou muitos minutos admirando a beleza do livro.
A raposa então achou um ursinho de pelúcia. Era engraçado como ele era parecido com o urso da floresta. A diferença é que naquele a raposa podia bater, xingar e fazer piadas...e ele nem se irritaria. E esperta como ela era, passou a tarde tirando sarro do bichinho de pelúcia e se divertindo mastigando a pelúcia fofa e que não lhe machucava os dentes.
Procurando mais coisas para brincar, a raposa encontrou uma espécie de pedra. Era cor-de-rosa, arredondada, lisa e um pouco menos dura que as pedras da floresta. Tinha um cheiro doce, mas quando mordeu...
- Eca! - A raposa cuspiu e gritou. - Que nojo. Parece gosto de água, mas é ruim. Que pedra chata. E ainda por cima é escorregadia!
E jogou a pedra pro lado, decidida de que brincaria com qualquer outra coisa, menos com aquilo. Era um sabonete.
As horas foram passando quando a raposa foi surpreendida por um lobo.
Babando de fome e cego pela vontade de matar, o enorme lobo negro de dentes e garras afiadas se aproximava da raposa, rosnando e com os olhos arregalados.
A raposa assustada e sem ter para onde fugir, apanhou um livro e atirou no lobo. Ele ergueu a pata e com apenas uma de suas garras rasgou a capa do livro e desprendeu todas as páginas, que se espalharam pelo chão.
A raposa olhou para os lados e jogou o celular com o qual estava brincando antes na fuça do lobo. Agarrando o aparelho com a boca, o lobo pressionou seus dentes contra as teclas e a tela e...CRÁS. Logo só restavam os pedaços do celular espalhados pelo chão.
Desesperada, pois o lobo se aproximava, a raposa então arremessou o urso de pelúcia para tentar se defender. Não foi preciso mais que uma mordida da fera para que o ursinho se abrisse e logo já não restasse nenhuma característica de urso no boneco.
Com o medo crescendo a cada segundo, a raposa já não tinha mais esperanças. Cada coisa que arremessava contra a fera, o lobo destruía. Com as garras ou os dentes, ele parecia invencível, destruindo tudo que tocava seu corpo.
Sem saber o que fazer, a raposa encolheu o corpo, fechou os olhos e cobriu a cabeça com as patas. Sem esperanças, aguardava a morte assim que o lobo lhe desse uma mordida com sua bocarra gigantesca.
E de olhos fechados, a raposa ouviu
- Aaaai! - Seguido de um grande TUM!
Abriu os olhos. O lobo estava caído, com a cara no chão. Perto de suas patas, o sabonete que ninguém notara que estava no caminho. A raposa entendeu tudo muito rápido.
O sabonete estava no chão e enquanto o lobo andava...ele escorregou e caiu de cara no chão.
Não conseguindo se conter, a raposa deu uma risadinha. Envergonhado por ter escorregado, o lobo então cobriu a cara com uma das patas e fugiu. Em questão de segundos, a fera sumiu por entre as árvores.
E alegre por ter sido salva por aquela pedra escorregadia e sem graça, a raposa passou o resto do dia brincando com o sabonete herói.
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