O garoto da casa da esquerda começou a fumar maconha.
Apesar de seus dentes amarelados e seus olhos vermelhos, não há alguém que conteste sua felicidade.
Com o dinheiro que ganha dos pais, não faz nada além de comprar erva. Exceto pelo dia em que tatuou o nome da mãe no braço. A mãe? Chorou de alegria ao ler seu nome tremido na pele de seu filho único, mas chorou desesperada quando ele morreu.
Fugindo da polícia quando lhe flagraram com maconha na mochila e descobriram que também vendia, o próprio moleque fez sua sentença. Não enxergando nada com os olhos inchados e a mochila pesada com erva nas costas, caiu da moto direto para a morte. Sangue, dentes...tudo caiu daquele rosto drogado. Menos o sorriso, marca do que havia sido provável a vida mais breve e feliz de toda aquela vizinhança.
Já o garoto da casa da direita, tem poucos momentos de intensa alegria. Ele estuda o dia todo, boa parte da vizinhança nem sabe quem ele é. Talvez seja o menos conhecido de toda a rua, mas o mais conhecido entre os professores do colégio. Nas aulas exatas, tira sempre a maior nota. Nas aulas humanas, apresenta sempre os projetos mais criativos. Se diverte resolvendo equações e chama os números de amigos, mas quando resolve sair de casa é considerado estranho pelos outros. Inclusive pelo garoto da casa da esquerda, que entre um sorriso e um cigarro, grita "Pirralho bizarro, vá curtir a vida". Mas enquanto a mãe do "olhos vermelhos" chora, a mãe do "quatro olhos" senta no sofá de casa com orgulho, falando no telefone com uma tia distante.
"Ah, ele só me dá alegria, tia. Tirou notas altas o ano todo e agora tá estudando pro vestibular. Meu filho é de ouro, tia. De ouro!"
Chorou de alegria quando ele entrou na faculdade, mas chorou desesperada quando ele morreu. Acordado até tarde terminando um trabalho de física quântica, não viu quando os circuitos de um eletricista (colega de quarto seu), acidentalmente incendiaram o dormitório,e morreu tomado pelas chamas que (cercadas de tantos livros e papeis) se propagaram rapidamente. Morreu, ironicamente, no mesmo dia que seu vizinho da casa da esquerda. Sério e com uma expressão de cansado, sua última ação foi segurar com força o lápis em sua mão.
No meio das duas casa, há um homem de terno olhando pra mim. Cabelos penteados, pele clara, dentes brilhantes e olhos azuis, seu jeito parece de quem fala bem, de quem fala muito. De quem quer alguma coisa.
Ele estende o braço e abre a mão, como que me convidando a pegar o que ele segura ; Um cigarro de maconha, enrolado em um papel fino e muito amassado.
Olho para o cigarro e, logo em seguida, a voz impactante e grossa do homem ecoa em meus ouvidos.
"Qual vai ser, moço? A casa da esquerda ou a da direita?"
Já o garoto da casa da direita, tem poucos momentos de intensa alegria. Ele estuda o dia todo, boa parte da vizinhança nem sabe quem ele é. Talvez seja o menos conhecido de toda a rua, mas o mais conhecido entre os professores do colégio. Nas aulas exatas, tira sempre a maior nota. Nas aulas humanas, apresenta sempre os projetos mais criativos. Se diverte resolvendo equações e chama os números de amigos, mas quando resolve sair de casa é considerado estranho pelos outros. Inclusive pelo garoto da casa da esquerda, que entre um sorriso e um cigarro, grita "Pirralho bizarro, vá curtir a vida". Mas enquanto a mãe do "olhos vermelhos" chora, a mãe do "quatro olhos" senta no sofá de casa com orgulho, falando no telefone com uma tia distante.
"Ah, ele só me dá alegria, tia. Tirou notas altas o ano todo e agora tá estudando pro vestibular. Meu filho é de ouro, tia. De ouro!"
Chorou de alegria quando ele entrou na faculdade, mas chorou desesperada quando ele morreu. Acordado até tarde terminando um trabalho de física quântica, não viu quando os circuitos de um eletricista (colega de quarto seu), acidentalmente incendiaram o dormitório,e morreu tomado pelas chamas que (cercadas de tantos livros e papeis) se propagaram rapidamente. Morreu, ironicamente, no mesmo dia que seu vizinho da casa da esquerda. Sério e com uma expressão de cansado, sua última ação foi segurar com força o lápis em sua mão.
No meio das duas casa, há um homem de terno olhando pra mim. Cabelos penteados, pele clara, dentes brilhantes e olhos azuis, seu jeito parece de quem fala bem, de quem fala muito. De quem quer alguma coisa.
Ele estende o braço e abre a mão, como que me convidando a pegar o que ele segura ; Um cigarro de maconha, enrolado em um papel fino e muito amassado.
Olho para o cigarro e, logo em seguida, a voz impactante e grossa do homem ecoa em meus ouvidos.
"Qual vai ser, moço? A casa da esquerda ou a da direita?"
Não posso andar no meio, sem ser ébrio, junto com o cara de terno??
ResponderExcluirEntão seria um mendigo sem escolhas. Para se tornar como o cara de terno, teria que acabar morando na casa da esquerda.
ExcluirNossa, muito impactante.
ResponderExcluirAgora já não sei se viveria na esquerda ou na direita, talvez não faça sentido viver pelos outros, o maconheiro vivia por si mesmo, não pensava nem mesmo na familía ... Acho que viveria na casa á esquerda.
A vida é feita de escolhas. Acabaria de qualquer jeito, apenas faça a escolha que te daria a vida que você mais gostaria.
ExcluirObrigado.
Viveria em qualquer uma das casas mas só viveria bem com uma certeza, de que quando sofresse um acidente ou fosse queimado, não me arrependeria de nada.
ResponderExcluirArrependimentos é o que fazem questionar se a casa certa foi escolhida.
ExcluirObrigado.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirCara muito foda... Parabens mesmo!
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