quinta-feira, 20 de setembro de 2012

O Sucesso de A Invenção de Hugo Cabret

Uma das obras mais famosas da atualidade (seja em livro ou em sua versão cinematográfica) é "Hugo" (Ou "A Invenção de Hugo Cabret", como é conhecida no Brasil). Aclamada por boa parte da crítica, esta obra é, em minha opinião, ruim, que alcançou sucesso devido a fatores que o escritor (Brian Selznick) incluiu na obra de um jeito sábio. Mas não se engane, não é porque ele foi sábio que tenha feito um trabalho digno... a história foi bem construída, só que mau contada (como uma notícia de jornal mau escrita) . Explicações mais detalhadas sobre as artimanhas que Selznick utilizou para alcançar sucesso com este livro (que é muito ruim) no texto abaixo.



Quando se fala de "Hugo" (que é como chamarei o livro a partir de agora, pois o título é estupidamente enorme), duas coisas precisam ser explicadas... Em primeiro lugar deve ser explicado o motivo do livro ( e a  história em geral, sendo que se tornou filme) ser tão ruim. Logo em seguida deve vir a explicação da obra ter  alcançado tanta fama e aclamação apesar de sua má qualidade.
Então, vamos á qualidade do livro.

Os livros da saga Harry Potter são ótimos, sem discussão e é (embora hajam controvérsias) a melhor série literária da história da literatura. Vários detalhes na construção da história fazem com que Harry Potter seja bom (como o suspense construído, a forma com que os livros coincidem entre si e a inteligência da autora em criar sem erros criaturas e artefatos novos), e o detalhe mais importante de Harry Potter, e de vários outros sucessos literários, é a construção de personagens em que o público se identifica com os indivíduos que compõe a história da obra.
Ao ler um livro, não existe sensação melhor do que encontrar personagens com que você se identifica, seja em questões de personalidade, qualidades ou defeitos...é sempre maravilhoso encontrar um pouco de si mesmo nos personagens que você vai acompanhar e , talvez, apoiar durante o desenvolvimento da trama.
E isso é uma coisa que o "Hugo" tem, sem dúvidas.O livro consegue apresentar-nos personagens que contém características humanas e que deveriam fazer o leitor identificar-se.

Porém, mesmo que uma obra apresente todas as características boas do mundo, existe uma outra pequena característica que pode jogar todo o esforço de tornar a obra uma obra de qualidade no lixo: A forçação de barra!
Mesmo que haja personagens bem construídos, uma trama bem elaborada e uma escrita de qualidade, pode não bastar! Se tudo isso for escrito com pretensão de se tornar bom, ou se o escritor exagerar tentando fazer com que algo fique bom de qualquer jeito, mesmo que se torne algo maçante, o livre pode ficar uma droga! Realmente, uma história que poderia ser boa com naturalidade acaba se tornando um lixo devido a pressão imposta pelo escritor. E é exatamente isso que ocorre em "Hugo".

Selznick (o autor) ficou tão preocupado em transmitir características humanas através das personagens que acabou exagerando e tornando a obra uma ofensa literária aos personagens. O exagero em tornar os personagens semelhantes ás pessoas reais criou personagens bandidos (isso deve ter sido a intenção de Selznick de mostrar que seus personagens são propensos a ter defeitos, assim como as pessoas reais).
Hugo, o personagem principal, mora em uma estação de trem e rouba peças de brinquedos de uma loja com intuito de consertar uma máquina que pertencera a seu pai. Até aí tudo bem, é aceitável um personagem que roube por necessidade, isso até cria uma proximidade entre Hugo e o público que se identificaria com um personagem que ceda as dificuldades que qualquer pessoa normal poderia ter.
Mas a partir daí, a construção do personagem. Hugo não roubava apenas por necessidade. Na verdade, Hugo roubava pela necessidade do autor fazer com que "soasse real"...Hugo era praticamente um cleptomaníaco! Rouba tudo o que vê! Não apenas o que pode ajudar a consertar a máquina, mas também o que vê de diferente, o que vê de bonito, o que vê de brilhante...ou seja, Hugo rouba tudo o que vê! E isso, felizmente, não é uma característica comum. É cleptomania.
E não apenas Hugo é assim, como TODOS os personagens, desde Georges Méliés até Isabelle, são cleptomaníacos e roubam botões, peças de brinquedos, medalhões, anéis, livros etc.
Claramente isso é terrível pois você acaba notando que todos os personagens são cleptomaníacos não por distúrbios que os induziria a serem assim, e sim porque Brian Selznick teve pretensão e exagero suficientes para tornar personagens, com grande potencial de fazer com que o público se identifique, se tornarem personagens com personalidade exagerada e mal construída.


 Agora que ficou clara a razão de "Hugo" ser um livro ruim e mal construído, talvez surja a pergunta : "Mas se é tão ruim assim, como fez tanto sucesso a ponto de virar filme e já ser considerado um clássico da literatura?".
Fácil.
Selznick provavelmente deve ter re-escrito o livro várias vezes (pois todo escritor com bom senso lê e relê seus textos até que chegue a um resultado satisfatório a si mesmo). Não seria exagero dizer que Selznick, em suas primeiras versões da obra, tenha escrito uma história que se passasse em Proença e tivesse como tempo a década de 1990.
Porém, depois de ler sua própria obra, Selznick talvez tenha descoberto que os personagens estavam muito forçados, que tinham sido construídos de forma exagerada. Talvez Selznick tenha percebido o quanto seu livro ficou péssimo e que muito tempo seria gasto para tornar sua obra algo bom. Então, resolveu criar algumas alterações:
Trocou Proença (uma cidade pouco conhecida da França) por Paris ( a mais famosa das cidades francesas, conhecida como a capital do amor) e os anos de 1990 por 1930 (assim tirando o ar de Nirvana da obra, dando um ar clássico de Artie Shaw a obra toda).
Ou seja, devido ao espaço e ao tempo em que a trama se passa, "clássico" foi acrescentado á lista de gêneros de "Hugo", junto com "suspense ruim", "drama ruim" e "aventura ruim".
E, deste jeito, poucos teriam capacidade de perceber a má qualidade da obra, e poucos teriam coragem de dizer que a obra é algo ruim, afinal, quem critica algo considerado clássico? Poucos criticariam The Beatles, poucos criticariam Shakespeare, poucos criticariam até mesmo o nosso samba de raiz (que também é ruim, mas isso já é assunto para outro texto), e, consequentemente, poucos teriam culhões para criticar de forma negativa "A Invenção de Hugo Cabret" e qualquer outra obra que fosse considerada clássica.


Então, de uma forma ou de outra, Brian Selznick (foto acima) é alguém que merece ser ovacionado. Não por ter escrito um livro bom, com personagens bem construídos, história convincente e trama com naturalidade...afinal,isso ele não fez. A salva de palmas que merece ser puxada e direcionada para Selznick é merecida sim, mas não por seus dotes de autor, e sim por seus dotes de bom "publicitário", digamos assim.
Selznick merece homenagens pois , dando seu livro um tom "clássico", conseguiu reconhecimento não merecido entre hipsters, críticos metidos a besta e mídia "caça-clássico"... tipos de público tão ruins quanto a qualidade dos personagens que Selznick criou.

De um jeito ou de outro, Brian Selznick deu uma aula de como fazer um livro ruim ser considerado bom.
Stephenie Meyer  deveria ter seguido esses conceitos ao criar "Crepúsculo" que é ruim e possui má fama.

Enfim, qual a opinião de vocês em relação a "Hugo Cabret" e a qualidade de escrita de Brian Selznick? Deixem sua opinião nos comentários.


2 comentários:

  1. Muito bom esse texto! ^^ Mas acho q não vou ler o livro depois dessa crítica... KKKKKKKKKK

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    1. Obrigado! Bom, não é um livro que eu recomende, mas é sempre bom que leia para formar sua própria opinião.

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