Mas, pelo fato desse blog se centrar em literatura, livros e muitos outros temas da cultura pop, significa que os textos daqui não podem se centrar apenas no que vem do Brasil. Assim sendo, a língua inglesa (que eu estudo há quase três anos), também pode ser discutida e explicada aqui no blog.
Mas aí chegamos a um impasse. A categoria em que são postados os textos sobre a língua portuguesa se chama Língua de Camões. Até onde sabemos, Camões não falava inglês. Ou seja, não seria adequado publicar textos referentes a língua inglesa em algo que tivesse "Camões" no nome.
Por outro lado, também não seria uma boa escolha criar uma nova categoria apenas para textos sobre a língua inglesa, já que este blog já possui um grande número de categorias, sendo que algumas quase não são utilizadas e atualizadas frequentemente.
Então, entre o ruim e o pior, escolhi o ruim. E os textos referentes a qualquer idioma ( seja ele inglês, português, galês, klingon etc.) serão postados em Língua de Camões.
Chega de blá blá blá, vamos direto ao texto.
No idioma inglês, como em qualquer outro idioma que possa ser estudado e dominado pelo ser humano, existem várias expressões.
Algumas das expressões não tem muita diferença das nossas como "I have no idea" ( Não faço ideia), "to have a talk" (ter uma conversa) e "to shampoo" (lavar o cabelo com shampoo).
Porém, outras expressões são bem diferentes das nossas. "Once in a blue moon", que traduzida literalmente significaria "uma vez na lua azul", tem o mesmo significado que "uma vez na vida e outra na morte" para nós. "Go to fly a kite", que traduzida literalmente seria "vá empinar pipa", tem o mesmo significado que "vá catar coquinho" na língua portuguesa. Ou seja, a língua inglesa, como todos os outros idiomas, tem coisas fáceis de serem traduzidas e outras nem tanto.
Uma expressão em inglês bem bacana e curiosa é "to tilt at windmills", que significaria "lutar contra moinhos de vento". O significado real dessa expressão é lutar contra oponentes imaginários, ver problemas onde não existem etc. A expressão em português equivalente a essa seria "procurar chifre na cabeça de piolho".
Agora, a pergunta é "Por que moinhos de vento? Eles são reais, não são oponentes imaginários ou problemas inexistentes...não faz sentido. Da onde vem esse to tilt at windmills?".
Eis a resposta:
Segundo estudos, o livro mais lido no mundo (depois d'A Bíblia) é a obra "Dom Quixote" do escritor espanhol Miguel de Cervantes.
Dom Quixote, o personagem principal da obra, era um senhor em seus cinquenta anos de idade já havia lido muitos romances de cavalaria e, cheio de imaginação, passou a acreditar que ele mesmo fosse um cavaleiro. Com uma armadura enferrujada e montado em um cavalo decrépito chamado Rocinante (que Dom Quixote, em sua insanidade, acreditava ser um alazão), Dom Quixote sai em busca de aventura. Mais tarde, consegue um ajudante chamado Sancho Pança, um gordo covarde montado em uma mula.
Durante suas caminhadas, Dom Quixote, tomado por sua loucura, viu alguns moinhos de vento e os confundiu com gigantes, partindo assim para a batalha (que tecnicamente perdeu) contra moinhos de vento inofensivos. Esse trecho inteiro e detalhado da história de Dom Quixote pode ser encontrado neste link.
Ou seja, Dom Quixote lutou contra moinhos de vento. Dom Quixote was the first man who tilted at windmills. Literally.
Para um bom conhecedor da história de Dom Quixote e do significado desta expressão, "to tilt at windmills" não é um grande enigma para ser traduzido, já que as pessoas que praticam o ato de lutar contra moinhos de vento (ou procurar chifre na cabeça de piolho, traduza como preferir) recebem o nome de "reformadores quixotescos".
O maior enigma não é entender essa expressão. O grande desafio deve ser para os americanos que estudam a língua portuguesa.
O pensamento deles deve ser:
- What the hell does "procurar chifre na cabeça de piolho" mean?
seria cabeça de cavalo
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