Estavam os dois ali, sentados no chão em silêncio.
Os dois irmãos haviam sido trancados em seu quarto pela própria mãe. Esse era o castigo do qual ela tanto falava, mas nunca executava. Castigos como algumas horas sem televisão e dois dias sem poder jogar vídeo-game era o pior que os irmãos Léo e Davi conheciam até aquele dia.
E foi com uma discussão de dois dias que esse castigo começou.
Davi pegara Léo mexendo em seu computador e por isso o xingou de " mexericão". Embora essa palavra não exista, e se existisse seria o aumentativo de "mexerica", Léo ficou pessoalmente ofendido.
Era "mexericão" pra lá, "cabeça de ameixa" pra cá, "olho de jabuticaba" pra acolá, e dona Joana resolveu acabar com aquela feira livre.
_Fiquem no quarto em silêncio! Não quero ouvir um pio, ou coloco vocês no liquidificador!
E lá estavam os dois, de castigo. Sentados de costas para a porta.
_Não há nada pior do que ficar preso com você. - Léo disse para o irmão.
_Há sim! - Davi retrucou.
_O que é, então?
_Ficar preso com você é muito pior do que ficar preso comigo.
Léo então suspirou e disse ao irmão:
_Nossa! Então espero que eu nunca fique preso comigo.
Davi encarou Léo e exclamou na altura o suficiente para que Léo ouvisse e sua mãe não:
_ Mas isso não faz sentido!
_Faz sentido sim! - Léo odiava ser contrariado, e se achava que aquilo fazia sentido, "ai" de quem duvidasse!
_Está bem, está bem. Sabe o que não faz sentido? - Davi perguntou, e antes que Léo pudesse responder ele já tinha continuado seu discurso. - Ser trancado em um quarto por motivo nenhum, só por querer assumir os direitos do que é meu. - Nesse momento, Davi fazia referência ao computador. Isso é que não tem sentido!
_Tem razão! - Léo exclamou, com a voz alta. Mas podia falar o quão alto quisesse desde que não gritasse, pois sua voz era fina, de criança, e sua mãe não poderia ouvi-lo da cozinha, que era onde ela estava. - Isso não faz sentido mesmo! Mamãe é que a verdadeira louca! Ela nos prendeu aqui sem motivo nenhum, somente por pura maldade. Nossa mãe é uma bruxa!
Davi achava que Léo estava exagerando um pouco, mas estava raciocinando bem, e era aquilo que importava.
_Exato, Léo, exato.
_Vamos nos transformar em super-heróis e lutar contra aquela gemera!
_O correto é "megera" e não "gemera". - Davi começou a rir, e logo parou. - Mesmo assim não adianta lutar. Nós somos filhos, temos que respeitar e obedecer, apesar de tudo. Você ainda é imaturo de mais para entender essas coisas, e muito novinho para ficar rebelde.
_Não sou novo coisíssima nenhuma, você é que é um velho rabugento!
_Não me xingue, seu tampinha!
_Monstro!
_Burro!
_Energúmeno!
E começou a dicussão. Xingamentos para todos os lados. Davi ,com todas as palavras que conhecia, disparava uma torrente de "energúmeno, estapafúrdio, esdrúxulo e estrupício" enquanto o pequeno Léo dizia apenas "bobo, chato, feio, maluco, e rabugento". Ás vezes até tentava copiar, erroneamente, as ofensas de Davi. Era " estaparúxulo" de um lado e "energuício" de outro.
Era uma gritaria sem fim. Mas se tem uma coisa da qual Dona Joana sabe, é que para se livrar de animais pequenos (ratos) o jeito é arrumar animais grandes (gatos). Os ratos, naquela situação, eram os gritos de Davi e Léo.
Só havia algo a fazer! Dona Joana tomou fôlego, respirou fundo, e soltou seu gato:
_Fiquem quietos, ou serei obrigada a buscar o liquidificador!
E eles ficaram quietos, com medo do liquidificador.
Logo começaram a brigar novamente, mas Dona Joana nada pôde fazer. Nunca bateu nos garotos e nem os colocou no liquidificador.
Afinal, o que ela poderia fazer? Não era nenhuma bruxa...
Kd o resto da história???? O.O O q houve com as pragas dakeles pivetes????? O.o
ResponderExcluirNão tem resto da história, é como um episódio de seriado, a graça está no imaginar o que aconteceu.
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