Quando começaram as divulgações e primeiras notícias sobre a adaptação cinematográfica de Jogos Vorazes (uma nova série literária que estava fazendo sucesso), logo os críticos, o público e até mesmo o próprio marketing do filme começaram a gritar aos quatro ventos que Jogos Vorazes tinha um único papel - Preencher a lacuna deixada por Harry Potter e Crepúsculo, sagas cinematográficas voltadas para o público jovem. E isso foi o que diminuiu ao máximo as expectativas do público.
Quase ninguém acreditou que Jogos Vorazes conseguisse substituir essas sagas, já que não era totalmente voltada ao público feminino (como Crepúsculo) e, principalmente, porque não possuía nada relacionado ao mundo místico (como Crepúsculo, Harry Potter, Percy Jackson, As Crônicas de Nárnia e outras sagas adolescentes)."Como assim? Uma saga pros jovens que não fale de magia ou seres fantásticos? Vocês enlouqueceram?"
Realmente, foi uma atitude ousada, uma decisão inovadora. Um tiro no escuro.
Mas deu certo!
O filme foi aceito pelos fãs do livro, pelo público popular avulso á história e até pela crítica que poucas vezes consegue dar algum crédito pros filmes infanto-juvenis.
E isso foi surpreendente, ninguém esperava tanto assim do filme...nem mesmo o próprio estúdio.
O sucesso do filme ter sido uma surpresa é total resultado de outras coisas surpreendentes que acontecem durante o desenvolvimento do longa. De modo que o elemento-surpresa de todo o filme é a própria surpresa em si, que é explorada em várias cenas.
Em primeiro lugar, você se surpreende quando nota o que realmente divide os personagens.
Como não há a presença de misticismo ou magia nenhuma em toda a mitologia deste universo, espera-se que todos os personagens sejam dotados de características semelhantes. Afinal, humanos comuns são semelhantes, certo? Errado!
O universo de Jogos Vorazes é totalmente crítico e talvez seja até uma espécie de universo paralelo em que a desigualdade social atingiu níveis alarmantes. E isso fica claro quando você começa o filme.
Ao ter contato com personagens como Katniss Everdeen (Jennifer Lawrence) e Peeta (Josh Hutcherson), conhecemos o lado pobre e sujo deste universo. Personagens suados, com expressões ingênuas, sofridas, desesperadas e conformadas... é um mundo perdido, com pessoas sem recursos ou esperança.
Só que não!
Se de um lado temos os desconhecidos e pobres personagens de cabelos castanhos e aparência ingênua, do outro vemos personagens como Seneca Crane, Claudius Templesmith, Caesar Flickerman e Effie Trinket.
Esses, da alta elite da sociedade, são diferentes fisicamente. Cabelos coloridos, barbas moldadas e aparência de personagens de desenho animado são o que os caracterizam como "gente que não é como a gente" e joga na sua cara a verdade sobre Jogos Vorazes: É realista, mas nem tanto. Apenas pela aparência você consegue identificar a relevância social de um personagem.
BUM! Com cores de cabelos, você entende todo um universo. Surpreendente.
Depois disso, a história realmente começa.
Jogados em uma selva, vários jovens de Distritos diferentes precisam lutar por suas vidas, matando uns aos outros. Quanto mais você ataca, menos você precisa se defender.
E aí adolescentes (e pré-adolescentes) começam a matar uns aos outros sem uma verdadeira razão, sem escrúpulos ou piedade nenhuma. Matar para não ser morto.
E cria-se o seguimento de inúmeras cenas que empolgam o telespectador e o surpreendem.
As primeiras mortes, jovens se esfaqueando atrás de mantimentos, lutas contra animais monstruosos, colmeia de abelhas assassinas e alucinações provocadas por picadas de insetos selvagens são algumas demonstrações de cenas que explodem a sua cabeça.
Um fato curioso é que, no cinema, o termo para esse tipo de cena é "plot twist" que indica uma reviravolta na história.
Jogos Vorazes , como já mencionado, é um filme repleto de cenas com este "truque", porém há uma cena em específico que deixa o telespectador espantado em DOSE DUPLA!
A primeira surpresa nasce quando um
Como assim? É fácil assim? Sim, é, é fácil assim. Neste universo a vida de todos é insignificante e pode acabar a qualquer momento, e este fato se comprova a cada nova cena. Principalmente nessa.
Surpresa, o Thresh matou a Clove como se fosse a coisa mais natural do mundo. Outra surpresa: Realmente é.
Porém, esta cena é tão bem construída, bem dirigida e planejada que outro aspecto,dessa vez focando no mundo real, pode explodir sua cabeça e te deixar indignado.
Olhe bem para o rosto de Clove, a garota que está sendo assassinada. Reconhece?
Você logo nota que a garota que está morrendo ali esmagada na parede é a atriz Isabelle Furhman que não é conhecida por este nome...mas sim conhecida como Esther, do filme A Orfã. A atriz que poucos sabiam por onde andava está ali, sendo assassinada. O exemplo vivo de atriz que está marcada eternamente por papeis feitos na infância.
E BUM. Sua cabeça explodiu duas vezes.
Surpresa - A Clove morreu do nada.
Surpresa - A Clove é A Orfã.
E com A Orfã, ninguém quer nenhum jogo voraz.
E assim se constrói Jogos Vorazes. Um roteiro gigante, complexo, envolvente a apaixonante que vai explodir sua cabeça.
O interessante de Jogos Vorazes é que você tem praticamente obrigação de gostar do roteiro e é totalmente incapaz de se acostumar com a história.
Quando você acha que não vai gostar do filme, ele surge com uma bomba a cada cinco minutos que te empolga, e logo no fim você mesmo surpreende-se com suas lágrimas. Jogos Vorazes te envolve, Jogos Vorazes te surpreende.
O filme usa de artefato apresentados em seu início para brincar com sua mente (e deixá-la um caos) trazendo este artefato de volta. E assim o espectador fica maravilhado, espantado e surpreso, como alguém que acaba de achar seu melhor amigo disfarçado de pedra.
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