terça-feira, 28 de maio de 2013

Dez Respostas - Stanley Kubrick

O mundo do cinema virou uma bagunça.
A sétima arte, antigamente, costumava focar nos filmes e, de uma forma justa, em seus diretores. Afinal, sem os diretores e suas percepções, um filme não seria nem metade do que é. Portanto, assim como é importante saber o nome do compositor de uma canção, era considerado necessário creditar o diretor de um filme que se admira pelo belo trabalho que o diretor houvesse realizado.
Hoje em dia, não é apropriado dizer que esqueceram os diretores...apenas se acostumaram com poucos. O grande público dificilmente conhece um diretor sério e que realmente seja importante para a historia do cinema. E isso é injusto, pois diretores como Gus Van Sant e Ingmar Bergman merecem ser lembrados tanto quanto os famosos e superestimados Tim Burton e Steven Spielberg.
Um dos diretores que costuma ser esquecido é Stanley Kubrick, grandioso cineasta responsável por roteiros que marcaram gerações com seu estilo tenebroso e sério de dirigir.
Para conhecê-lo e também não deixar que tal artista caia em esquecimento, dez perguntas podem ser feitas e respostas podem ser dadas a respeito da vida, obra e curiosidades a respeito do genial (e talvez louco) cineasta Stanley Kubrick.




                                                01  - Onde e quando Kubrick nasceu?

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Ela.


Ela nunca confiou em si mesma.
Sempre se achou feia, chata e sem graça. Sempre achou que todos eram mais interessantes que ela, sempre achou que seria abandonada, e sempre achou que qualquer um fosse mais inteligente que ela.
Mas, principalmente, ela sempre pensou que fosse uma péssima pessoa...e que qualquer coisa que dissesse causaria raiva e tristeza nos outros...e, justamente por ser uma ótima pessoa, ela nunca quis que isso acontecesse.
Portanto, ela se manteve calada. Achando que cada palavra sua pudesse ser letal, sempre tentou ser o mínimo de si mesma e nunca disse nada do que pensava, com medo de afastar os seus amigos.
Porém, ela nunca disse nada, nunca fez nada, nunca agiu, nunca viveu e nunca demonstrou personalidade...
Ela, então, nunca teve amigos pra perder.
Por medo de perder, ela nunca teve nada....apenas ela mesma.


domingo, 12 de maio de 2013

Top V - Referências Musicais em Somos Tão Jovens

Em 2004, foi lançado o filme Cazuza - O Tempo Não Para, sobre a vida de um dos melhores cantores de rock que o Brasil já teve, dirigido por Sandra Werneck e Walter Carvalho. Junto com a legião instantânea de fãs novos de Cazuza, outra coisa que veio foi a pergunta:
 - E agora? Cadê o filme do Renato Russo?
E todos esperamos...ficamos esperando por anos até que, finalmente, foi anunciado que seria sim feito um filme sobre a vida d'O Trovador Solitário, a voz inspiradora e mentora de uma geração e legião de fãs..
Renato Russo, vocalista e letrista da Legião Urbana, chegaria aos cinemas em 2013, interpretado por Thiago Mendonça, em Somos Tão Jovens (título esse que faz alusão a um trecho da clássica canção Tempo Perdido).
Finalmente, dia três desse mês, o filme chegou aos cinemas...trazendo em seu roteiro, além de belas cenas da vida do rockeiro, inúmeras referências a trechos de músicas escritas por Renato.
Algumas das referências bem claras e referentes a músicas famosas, outras já mais ocultas e difíceis de se notar por olhos não atentos.
Aqui, as cinco melhores referências, na minha opinião.

                                                        V - Que País É Esse?

Um dos pontos fortes do filme é que nele nós conhecemos a real natureza rebelde e revoltada de Renato. Embora as biografias sempre descreveram com maestria o quanto que a injustiça social e os absurdos patrióticos deixavam o jovem de Brasília irritado, apenas uma obra cinematográfica pode nos convencer de que , sim, Renato tomava as dores de sua pátria ao escrever suas letras críticas.
Em uma cena, sentado em uma mesa de bar com alguns de seus amigos, discutindo sobre algumas injustiças políticas, Renato expressa sua revolta e exclama:
 - QUE PAÍS!
E essa frase do jovem revoltado foi a primeira alusão a clássica canção Que País É Esse, que, até então, não havia aparecido no filme.

                                                           IV - Eduardo e Mônica

Apesar de ser, obviamente, um drama, o filme tem seus momentos de comédia, quase todos centrados na rebeldia e nas aventuras pelas quais o jovem Renato Manfredini Júnior e sua trupe de punks passavam na adolescência. Entre uma blitz e outra, Renato e seus amigos, especialmente sua melhor amiga Aninha, iam parar em festas...o tipo de festa com pessoas que não gostavam e com música ambiente que não os agradavam.
E, enfrentando uma dessas festas, Aninha e Renato dizem, um completando a frase do outro, um dos trechos mais famosos da clássica composição Eduardo e Mônica.
 - Festa estranha...
 - E gente esquisita.
E, assim, como com Que País É Esse, este foi o primeiro indicio de que a música faria parte da trilha sonora do filme.

                                           III - Tédio com um T (Bem Grande Pra Você) 

Como o filme foca principalmente na adolescência e na parte jovem da vida de Renato, algo que não poderia deixar de ser mencionado (além de sua inteligência em formação, suas influências musicais e o homossexualismo) era a solidão e o tédio que o garoto era submetido a enfrentar devido a epifisiólise, doença que corroeu a cartilagem de seus ossos, deixando-o de cama por muito tempo, sem que Renato (na época ainda conhecido como Júnior) aceitasse a visita de ninguém (orgulhoso antes mesmo de ter muitos motivos pra isso).
E, enquanto recebia uma visita de sua amiga Aninha, Renato reclama:
 - Essa minha solidão é um tédio. Com um T bem grande!
Pouco tempo depois disso, Renato forma sua banda Aborto Elétrico, que tem entre seus primeiros sucessos a crítica em forma de canção Tédio com um T (Bem Grande Pra Você).

                                                            II - Faroeste Caboclo

Sim, Faroeste Caboclo é a música mais famosa e clássica de toda a carreira de Renato Russo, e também deve ter sido a letra mais complexa que o trovador já compôs (com nove minutos de duração, mais de cem versos que não se repetem e rimas pobres). E, exatamente por estes motivos, que esta música não poderia deixar de ser mencionada durante o filme. Infelizmente, não lhe foi reservada muito espaço por dois motivos:
1 - A música é muito comprida, e não se gasta dez minutos de filme apenas com trilha sonora.
2 - Dia 30 de Maio, a história de Faroeste Caboclo ganha um filme só seu, contando sobre a vida de João de Santo Cristo, Maria Lúcia, Pablo (o peruano que vivia na Bolívia) e Jeremias.
Então, o filme Somos Tão Jovens não poderia fazer nenhuma referência pesada demais sobre esta canção, pois soaria como spoiler do filme que ainda não estreou.
Porém, em uma cena, vemos que, enquanto os amigos de Renato e ele estão indo para uma de suas festas, passam de carro por uma placa onde se lê gravada a palavra "Rockonha", uma clara alusão ao trecho de Faroeste que diz:
"Jeremias, maconheiro sem-vergonha, organizou a Rockonha e fez todo mundo dançar."

                                                                      I - Dezesseis

Dois, o segundo álbum da Legião Urbana, e talvez o mais punk de todos (depois do Que País É Este) contém várias ótimas canções da Legião que, apesar de apreciadas pelos fãs, não são muito conhecidas pelo grande público. Este é o caso de Dezesseis.
A canção Dezesseis conta a história de João Roberto, mais conhecido como Johnny, o cara que todas as garotas desejavam e que todos os garotos queriam ser. Vivendo uma vida adolescente e com estilo em Brasília, a letra conta que Johnny era fera tanto em seus conhecimentos sobre rock'n roll quanto em sua habilidade nos pegas (também conhecidos como raxas, as corridas clandestinas), até que, devido a uma desilusão amorosa, Johnny provoca um acidente durante uma de suas corridas...resultando em seu suicídio.
E a frase mais famosa de toda essa letra é justamente uma das primeiras da música, quando a letra ainda preza por descrever Johnny : "Ele tinha um Opala metálico azul, era o rei dos pegas na Asa Sul".
E, desde então, o opala metálico azul se tornou o Batmóvel dos legionários, o carro que todo fã de Legião Urbana gostaria de ter só pra enfeitar a garagem.
O mesmo carro em que, no Somos Tão Jovens, Renato Russo e seus amigos estavam quando parados por uma blitz, em certa cena do filme.
Uma referência escondida a uma música pouco conhecida da Legião, mas que deve ter feito os grandes fãs tremerem de emoção na cadeira do cinema.
Por estar tão oculta, por ser tão específica e por ter sido inserida com tanto cuidado no filme, esta é, sem dúvida nenhuma, a melhor e maior referência musical da obra.


E é isso que foi Somos Tão Jovens. Um show de referências sobre a vida e carreira de Renato Manfredini Júnior, ou Renato Russo (como todos o conhecem). Não foi um filme perfeito e também esteve longe de ser um filme completo, mas o que ele apresentou, ele apresentou bem..de forma fácil de aceitar, entender e de se apaixonar pelo ídolo que cativou multidões e até hoje não perdeu para ninguém seu posto de maior músico da história do rock'n roll brasileiro.
Urbana Legio Omnia Vinciti.
Força sempre!!

sábado, 4 de maio de 2013

Crítica Literária - Diário De Raquel


Embora Marcos Rey tenha se consagrado como escritor devido á todas as novelas que escreveu (Fantoches!, Um Gato no Triângulo, A Última Corrida etc), sempre me chamaram mais atenções as obras infanto-juvenis que ele escreveu.
É sempre mais interessante acompanhar as obras de um artista em que ele faz o que não está acostumado...assim como Schwarzenegger é muito mais divertido em seus filmes de comédia do que em seus filmes de ação, Marcos Rey se torna mais interessante quando escreve para os jovens. Tanto que o mistério "O Rapto do Garoto de Ouro" é um dos melhores mistérios da literatura nacional, e "O Dinheiro do Céu" também é um dos melhores livros sobre o cotidiano e que consegue divertir enquanto ensina sobre o golpe militar de 1964.
Resumindo, Marcos Rey sempre divertiu...tanto em mistérios com astros do rock quanto em ficções som conteúdo histórico.
E, com o Diário de Raquel, descobrimos que Marcos Rey realmente tinha aptidão para mistérios. Não apenas sobre rock stars, mas também sobre simples garotas de rua.
Literalmente, do luxo ao lixo.


O livro fala sobre Raquel, uma bela garota de rua que tem, como diferencial, uma inteligência assombrosa. Com esses dotes em seu intelecto, Raquel consegue muita coisa...como arrumar emprego em uma alfaiataria e fazer amizade com muitas pessoas.
Porém, em certo momento, Raquel começa a se sentir (e a ser, realmente) perseguida, observada e servir de objeto de desejo de um homem misterioso...um psicopata que, automaticamente, coloca "estuprar e matar Raquel" em primeiro lugar na sua lista de metas.
Aí começa a ação.
Raquel foge do abrigo para menores em que residia, e coloca, imediatamente, três pessoas á sua busca. Regina, a psicóloga deste abrigo que se veste de Lia, uma menina de rua para procurar Raquel. Senhor M, o estuprador psicopata que mantém contatos com traficantes e usuários de drogas para encontrar a garota que tanto deseja. E Tia Vera, uma velha moradora de rua que tem, como única pista para encontrar a garota, um livro com anotações da menina : O Diário de Raquel.
E a história começa a partir do momento em que a genialidade de Marcos Rey entra em ação.
Em alguns livros, você vê o mistério se desenvolver em tempo real, com pistas sendo encontradas, testemunhas que dizem o que aconteceu...mesmo que com referências ao passado, o presente é que soluciona o crime.
Em "Diário de Raquel", acontece o mesmo que ocorre em livros geniais de Sir Arthur Conan Doyle, que é essa ligação com o passado. Porém, Conan Doyle usa os memoráveis flashbacks, que são a prova de que livro de Sherlock Holmes não é composto apenas por Sherlock Holmes.
Já em "Diário de Raquel",a ligação com o passado que faz com que os mistérios encontrem resolução é feita através da leitura do diário da garota. E isso prova a genialidade de Marcos Rey.
Combinar o ritmo em que as coisas acontecem com o ritmo em que o leitor descobre o passado da personagem é algo extremamente difícil. É fácil de imaginar Marcos Rey escrevendo essa obra, anotando em um caderno todas as datas e os acontecimentos que criou para que não se atrapalhasse quando fosse passar tudo para o papel.
Juntar fato, data e trama é algo trabalhoso...e juntar tudo isso sem fazer com que a leitura se torne chata é algo muito mais trabalhoso.
Então, de início, palmas a Marcos Rey.

Porém, essa organização não é a melhor coisa da obra.
E sim o personagem M.
Sim, o vilão, o psicopata, o estuprador...o melhor personagem presente neste livro.
Não que os outros sejam ruins, pois Raquel e Tia Vera também tem uma personalidade cativante e apaixonante.
Ler "Diário de Raquel" hoje em dia te faz amar o Sr. M, pois ele é o melhor tipo de vilão que existe.
Muito se fala, em questão a livros e filmes, de que os vilões não são extremamente bens construídos. Reclamam da motivação, dizem que não é convincente um vilão querer causar todo aquele estrago apenas motivado por coisas fúteis. E isso já joga no lixo vários clássicos, que apresentam ótima trama mas que não é aceita porque a motivação do vilão não é considerada válida.
Mas tem muitas pessoas que não consideram a maior regra do manual dos vilões : A maior motivação para alguém malvado é a maldade em si.
Estamos em um mundo fictício que, sim, precisa de realismo, precisa de pitadas do nosso real cotidiano. Mas o vilão precisa ser maligno, e a própria maldade...obsessão psicopata e antecedentes criminais já explicam tudo o que está acontecendo.
Sim, ele sequestrou inocentes, fez com que garotas menores de idade quase morressem de overdose e assassinou idosas. Por que? Porque ele queria chegar até Raquel. Só por isso? Não, porque ele é malvado.
E está tudo explicado.
Com isso já se encontra o porquê de Sr. M ser um ótimo personagem, o porquê do livro ser perfeito, o porquê de Marcos Rey ser genial e o porquê de Diário de Raquel merecer um espaço na sua prateleira.