domingo, 25 de novembro de 2012

Por Trás da Letra de "Bohemian Rhapsody" (Queen)


Ontem (dia 24 de novembro) completaram-se vinte e um anos que Freddie Mercury, vocalista da banda Queen, faleceu. E, como homenagem, a análise da letra do maior hit de Queen: Bohemian Rhapsody. 

Isso é vida real?
Isso é apenas fantasia?
Soterrado num desmoronamento.
Sem escapatória para a realidade.
Abra seus olhos,
olhe para o céu e veja.
Eu sou só um menino pobre,
eu não preciso de simpatia.

Ele é um garoto pobre. Passou toda a sua vida sendo rejeitado, maltratado e acabou se acostumando com a falta de simpatia e bondade que as pessoas tinham com ele. Finalmente ele está em uma situação ruim, e , possivelmente, pela primeira vez em sua vida alguém o ajudou, alguém foi bondoso com ele. Será que é fantasia? Será que isso realmente está acontecendo? Ele não se conforma. Ninguém pode o ajudar, ele é pobre, não precisa ser tratado bem. 

Porque eu venho fácil, vou fácil.
Eu possuo altos e baixos.
De qualquer jeito que o vento soprar,
realmente não importa para mim.
Para mim.

As coisas acontecem com ele com muita naturalidade, tanto que ele nem nota. Sofre injustiças, paga por coisas que não fez. Mas ele está acostumado e nem se importa. Na verdade, nada importa pra ele. Mas apenas pra ele. Com certeza importa para alguém.

Mamãe, acabei de matar um homem.
Coloquei uma arma em sua cabeça
Puxei o gatilho, e agora ele está morto.
Mamãe, a vida acabou de começar.
Mas agora eu joguei tudo fora.

Ele é jovem, uma criança grande ou um pré-adolescente e acabou de cometer um assassinato. Ele tinha chance de deixar de ser pobre, estudar e trabalhar, mas agora ele matou um homem e corre o risco de ser preso. Não existem segundas chances para alguém de sua classe social. Sua vida acabou, todo seu futuro foi jogado fora.

Mamãe, oh.
Não quis te fazer chorar.
Se eu não estiver de volta a esta hora amanhã
continue, continue.
Como se nada realmente importasse.

Realmente, nada importa para ele. Mas importa para sua mãe, a mulher que o carregou por nove meses e cuida dele desde que ele nasceu. A única pessoa que talvez tenha o amado de verdade. Agora ele está consciente da idiotice que fez e se preocupa com sua mãe. Pede pra que ela siga com a vida, como se nada tivesse acontecido e nada realmente importasse.

Tarde demais, minha hora chegou.
Sinto arrepios em minha espinha.
Meu corpo dói o tempo todo.

Adeus a todos.
Eu tenho que ir.
Tenho que deixar vocês todos para trás
e encarar a verdade. 

Mamãe, oh.
Eu não quero morrer.
Ás vezes eu desejo não ter nascido.

Ele está nervoso com medo. Matou um homem e agora foi condenado a morte. Lá vai ele ao corredor da morte, com arrepios e dores de ansiedade. Medo, muito medo. Ele se despede do mundo, dá adeus a todos e, com uma espécie de coragem, decide encarar a verdade e pagar pelo que cometeu. Ele não quer morrer mas é preciso, é o justo. Na verdade, ele preferia nunca ter nascido, assim não mataria ninguém, e não faria sua mãe sofrer.

Eu vejo uma pequena silhueta de um homem.
Palhaço, palhaço.
Você fará o fandango?
Raios e relâmpagos me assustam muito, muito.


Galileo, Galileo
Galileo, Galileo
Galileo, Figaro, Magnífico.


Alguém chegou. Um homem pequeno (o que pode ser tanto em relação a estatura ou em relação a sua significância, o poder que ele tem). Quem será ele? Participará da apresentação que sempre precede a execução? O garoto sente medo, não confia em nada ou ninguém, e ninguém nunca o ajudou.

Eu sou só um garoto pobre e ninguém me ama.
Ele é só um garoto pobre de uma família pobre.
Poupe a vida dele desta monstruosidade.

Três vozes entram em ação agora. A primeira é a do garoto que está sendo protegido por alguém e estranha. "Por que está me protegendo? Sou um garoto pobre sem amigos, não mereço isso". A segunda voz é dos homens que querem executar o garoto, eles também não compreendem porque alguém está o defendendo. E a terceira voz, finalmente, é a do defensor que não quer, de jeito nenhum, que o garoto seja submetido a essa monstruosidade que é a pena de morte.

Vem fácil, fácil vai. Vocês me deixarão ir?
Em nome de Deus! Não, nós não o deixaremos ir.
Deixe-o ir.

Em nome de Deus. Nós não o deixaremos ir. Deixe-o ir.
Em nome de Deus. Nós não o deixaremos ir. Deixe-o ir.
Não o deixaremos ir. Deixe-me ir, nunca.
Não o deixe ir, deixe-me ir.

Começa uma discussão. Os homens, o defensor e o garoto entram em conflito. Eles deixarão ou não o garoto sair impune dessa? Depois de discutir muito, o garoto realmente tem sua decisão.

Nunca me deixe ir, oh.
Não, não, não, não, não, não, não.

Oh, minha mãe, minha mãe.
Minha mãe, deixe-me ir.
Belzebu tem um diabo reservado para mim.
Para mim, para mim.

Ele aceita a pena de morte. Não quer ser salvo, ele sabe que errou a matar aquele homem e prefere que tudo seja justo e que pague por seu crime. Ele pede que sua mãe deixe-o ir e aceite sua morte. Ele merece isso, há um lugar especial no inferno para assassinos como ele. Ele vai sofrer muito, mas é o justo.

Então, você acha que pode me apedrejar e cuspir em meus olhos?
Acha que pode me amar
e me deixar para morrer?

Oh, baby, você não pode fazer isso comigo, baby.
Só tenho que sair,
só tenho que sair logo daqui.

Ele finalmente se lembra do que aconteceu. Ele matou um cara, e matou por um motivo fútil. Uma garota. Por algum motivo não esclarecido, ele assassinou um homem, e a culpa foi dessa garota. Uma garota que o amou e o abandonou. Uma garota que não se importou quando ele foi preso e condenado. Uma garota que não o defendeu. Uma garota que não merece saber que ele morreu por culpa dela. E por isso ele vê que não queria dar a ela esse gosto. Ele foge, ele tenta fugir. Ele decide que aquilo não é para ele e que ele não merece aquilo tudo.

Nada realmente importa. 
Qualquer um pode ver.
Nada realmente importa.
Nada realmente importa para mim.

Ele não consegue fugir e então desiste. O garoto pobre que não é amado por ninguém se rende a justiça injusta e aceita a pena de morte, mesmo não a merecendo realmente. Nada realmente importa, ele não liga pro que está acontecendo. Todos podem ver, todos podem assistir, ele não liga. Nada realmente importa, ele realmente não está nem aí pro que acontece com ele.

De qualquer maneira, o vento sopra.

A vida continua. Não a dele, mas a de todos os outros sim. Sua morte não afeta em nada o mundo ou a vida dos outros, nem dos homens que o condenaram, nem da garota que foi a culpada pelo crime, nem do defensor e nem mesmo de sua mãe. O vento ainda sopra, o mundo ainda gira, a vida continua.
Está tudo bem.


domingo, 18 de novembro de 2012

Crítica Literária - A Última Princesa

Creio que seja até suspeito em elogiar qualquer obra de Fábio Yabu. Mesmo tendo não lido alguns de seus livros (como "Raimundo - Cidadão do Mundo" e "Branca dos Mortos e os 7 Zumbis"), sou um fã antigo de Yabu, sendo fã de "Princesas do Mar" e tendo lido Combo Rangers quase tanto quanto li Turma da Mônica. E também fui um pequeno colecionador de bonecos Kiko, Fox, Tati, Lisa e Ken (alguns dos personagens criados por Yabu). Mesmo que tenha se passado algum tempo sem ler nada de Yabu, não pude deixar de comprar e ler o livro "A Última Princesa", na última Bienal do Livro de SP, aonde consegui até um autógrafo de Yabu (que estava autografando junto com Eduardo Spohr, que autografou também meus livros "A Batalha do Apocalipse" e "Herdeiros de Atlântida").
Então, lá vai uma pequena crítica do livro "A Última Princesa", que li em dois míseros dias.
"Todos sabem como é a vida de uma princesa: cheia de luxos e mordomias, cercada de servos devotados sob o teto de um belíssimo castelo. Mas para a nossa protagonista, a Última Princesa de um reino encantado, esses mimos e riquezas são apenas os muros de sua prisão.Banida de seu verdadeiro lar por um poderoso feiticeiro, a Princesa acabou esquecida pelo seu próprio povo. Enquanto sofre com saudades de sua terra natal, cultiva belas camélias em uma estufa em forma de palácio de cristal, ouve com atenção as histórias de seus servos e passa as noites sonhando com boas notícias que jamais chegam.Até o dia em que ela recebe a visita de um misterioso inventor chamado Alberto. Criador de maravilhas tecnológicas, ele acredita que “inventar é imaginar”, e lhe apresenta um mundo mágico, com animais mecânicos que cantam e dançam e uma casa encantada que surge nos lugares mais improváveis. O sonho mais ambicioso de Alberto é construir a Ave de Rapina: uma máquina mágica capaz de libertar sua Princesa… mas, para isso, ela também precisará enfrentar seus medos e quebrar sua maldição." ... Essa é a sinopse da obra, e tudo o que se deve saber do livro está aí. ... Não há muito pra se dizer sobre o livro, apenas que é totalmente mágico. É a primeira obra de Yabu voltada para o público jovem, mas ele não falhou em mudar de público. Talvez a prática que tenha adquirido escrevendo pra crianças tenha feito com que Yabu aprendesse a escrever com simplicidade magnífica, tratando de assuntos sérios com leveza e pura magia. Toda a arte de pôr-do-sol encontrada na capa está também espalhada pela história da obra que é um espetáculo com sangue, sofrimento e injustiças...mas não deixa de ser um encantador conto de princesa. ... Novamente elogiando a simplicidade do estilo de escrita de Yabu, é necessário frisar o quão fácil ele faz parecer a história do Brasil. O livro todo é baseado na vida de Princesa Isabel,o fim da escravidão, Santos Dumont e a criação do 14-bis. Coisas que o falho sistema de ensino e o desinteresse estudantil talvez tenha impedido os jovens brasileiros (e até os não-jovens e estrangeiros) de aprender, se tornam simples e de fácil entendimento durante a leitura deste livro. Claro que nem tudo deve ser seguido á risca, mas o claro sentido da obra não é ensinar tudo, e sim despertar o interesse e a curiosidade do leitor sobre o assunto. ... Seguindo o exemplo de livros como "A Menina que Roubava Livros" e até mesmo os da saga Harry Potter, o livro se passa em duas eras. O presente, em que a Princesa vive com o Príncipe no exílio, e o passado (representado por "flashbacks") que vai explicando aos poucos porque a Princesa está no exílio e como era sua vida antes disso. Esse estilo funciona num modo "um de cada vez", onde primeiro vem um capítulo da Princesa no exílio e o outro capítulo composto por flashbacks apenas. Como todo livro, ele começa sem que o leitor saiba o que está realmente acontecendo. Mas, diferente de muitos livros, o enredo vai se desenvolvendo e tudo começa a conversar entre si e a fazer sentido sem que o leitor perca o interessa na trama, e isso é uma característica que poucos autores conseguem passar para suas obras: Foi necessária muita habilidade de Yabu para que os flashbacks e o "presente" se encaixassem tão bem sem confusão.
Para finalizar bem a crítica, nada mais clichê que falar do final do livro. Normalmente não faço cerimônias quanto a dar spoilers de alguma obra, mas neste caso é diferente. A sensação de chegar até o seu final e se deliciar com a trama sem prévias do que acontecerá é maravilhosa e, assim como não foi tirada de mim, não deve ser tirada de ninguém. Tudo o que há para ser dito em relação ao final é: Se o livro todo é confortável e simples, como já mencionado, o final é surpreendente e potencialmente um tantinho mais complicado de se entender que o resto da trama, criando um contraste perfeito. O livro é maravilhoso e muito bem criado, seja tanto pela qualidade do escritor, da editora e até do ilustrador Matheus Lopes Castro...tudo combinou e se encaixou, criando o visual místico, científico, histórico e literário perfeito de "A Última Princesa". ... Sem mais comentários, nota 10 para o livro.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Top V - Enrolações Fictícias

Todos sabem o que são enrolações.
É algo realmente muito chato.
É aquilo que está sempre em desenvolvimento, nunca chegando a lugar nenhum, ás vezes até repetindo certos elementos do desenvolvimento. Isso ocorre em inúmero aspectos, desde a vida real até a ficção. E é sobre isso que o Top V de hoje é.
Os cinco maiores tipos de enrolações no mundo da ficção, incluindo filmes, seriados, livros e até histórias em quadrinhos.
Ps: Lista baseada na opinião do autor.

                                                            05 - Quadrinhos Marvel

Sim, sou um grande fã da Marvel e praticamente um fã-boy do Wolverine. De modo que fica até estranho que eu aponte defeitos em qualquer aspecto dessa fabulosa produtora de HQs.
A verdade é que muitas vezes as graphic novels, os arcos e até as histórias regulares dos quadrinhos Marvel gastam inúmeras edições (ás vezes até mais de doze) com pura enrolação, frisando coisas desnecessárias e acrescentando elementos sem função ou contribuição para o enredo (assim foi em boa parte de "A Vingança de Wolverine"). O que salva é que os roteiristas da Marvel , em sua grande maioria, são ótimos escritores, de modo que se há enrolação, é programada pra preencher o número de revistas previstas pra história, e os roteiristas acabam sempre dando um ótimo final ao roteiro, e assim a conclusão perfeita acaba justificando todo o tempo que o leitor gastou com pura enrolação.
PS: O fato de DC Comics não ter sido mencionada não significa que eu prefira DC a Marvel, apenas que o pequeno contato que tive com DC foi em poucas edições de "Batman" que li há tempos e também por desenhos e filmes. Assim sendo, não pude checar se também há enrolação nas HQs da DC. Sou um leitor e crítico da Marvel, para mim a DC Comics está em segundo plano.

                                                                       04 - Lost

Aqui poderia ser incluso, ao invés de apenas Lost, seriados de televisão em geral. Mas isso seria injusto, levando em conta que a maioria dos seriados são diretos, com história bem escrita e bem equilibrada. Ou seja, seriados como Game of Thrones, Friends, Prison Break e até Two And a Half Men ficam de fora quando o assunto é enrolação. Um dos únicos seriados que realmente merece esse troféu é Lost.
Com seis temporadas e cento e vinte e um episódios oficiais, Lost é um dos melhores seriados produzidos e um dos seriados com maior audiência e aprovação do público de toda a história da televisão. Por ser um seriado de enredo extenso com elementos complexos e centenas de personagens diferentes (os personagens presentes na imagem acima não compõe nem metade de todos os personagens), é justificável que a história se enrole em alguns pontos desde que o final compense o tempo levado pela enrolação. Mas quem conhece o seriado sabe que Lost foi totalmente o inverso disso tudo. Conforme o tempo foi passando, milhares de mistérios foram surgindo no seriado, e os roteiristas começaram a enrolar o seriado substituindo um mistério por outro, de modo que quando os mistérios fossem revelados, os telespectadores ficariam chocados. O final chegou e realmente os espectadores ficaram chocados, mas a razão foi outra : Mais de noventa por cento dos mistérios ficaram sem resposta, e os que foram respondidos obtiveram uma resposta muito ruim...ou seja, a enrolação acabou não compensando.
Ps: Não me levem a mal, Lost é meu seriado favorito, apesar de tudo.

                                                   03 - Percy Jackson e os Olimpianos

Percy Jackson tinha tudo pra ser o novo "Harry Potter"...e o único motivo de não ter alcançado esse status foi o baixo investimento em filmes, de modo que só existe um filme baseado em um dos livros da saga (e, por sinal, um péssimo filme).
A saga de Percy, assim como boa parte de famosas sagas literárias, tem muita enrolação.
Resumindo bem a história da saga: Percy é um garoto de doze anos que se descobre filho de Poseidon e herdeiro de seus poderes majestosos. Junto com seus amigos Grover, um sátiro, e Annabeth, filha de Atena, Percy vive várias aventuras e passa por vários perigos. O principal perigo de toda a saga é Cronos, que foi destronado e despedaçado há milhares de anos atrás e agora planeja um retorno triunfal, agrupando vários capangas para ajudá-lo em sua "vingança".
Durante todos os volumes da saga, eles dizem que o dia do retorno de Cronos está perto, treinam contra isso, preparam suas tropas e nada do tal Cronos aparecer. Ele só aparece no último volume da saga!!
Aí dizem que se é uma saga com um determinado número de livros, a história precisa ser estendida para que  preencha todos os livros e a história de cada uma das obras converse entre si. Isso está errado. Harry Potter é um exemplo de que se há uma saga que conte uma única história principal, não é preciso enrolar em torno dessa história, e sim criar outras sub-histórias paralelas que divirtam o leitor e não o faça perder o foco. Percy Jackson não fez isso, sendo que todos os livros retratam os acontecimentos que indicam o quão próximo está o retorno de Cronos. Ainda assim, a enrolação compensa, pois qualquer tipo de historia fica mais divertida quando uma mitologia é escolhida e seguida de forma tão fiel pelo exímio escritor Rick Riordan.

                                                                 02 - Dragon Ball Z

Todos os animes poderiam ser inclusos aqui neste tópico, mas seria injusto com animes pequenos e que não enrolam, como Another e Mirai Nikki, e outros animes que, mesmo sendo longos, não se utilizam de enrolação, como One Piece e Death Note. Hoje em dia pode até não parecer, mas Dragon Ball Z (com certeza o anime mais famoso e mais adorado em todo o mundo) foi a razão de muitas crianças terem se tornado violentas.
Não, a violência não veio da multidão de figurantes gritando "Satã", das lutas sangrentas e demoras de Goku e todas as fases de Freeza ou da forma agressiva como Vegeta falava e despedaçava seus eletrônicos. A violência derivada de DBZ (modo carinhoso de como os fãs tratam o anime)  vem dos inúmeros episódios com enrolação...Namekusei ia explodir em cinco minutos. Cinco minutos que nunca passavam, e demoravam semanas até que Namekusei "explodisse" ou que o arco se finalizasse.
Como diz o provérbio atual "De uma volta ao mundo, e quando terminar, um dia haverá se passado em Dragon Ball Z".

                                                                01 - Novelas da Globo

Observação: Todo tipo de novela é totalmente repleta de enrolações, as da Globo foram destacadas porque, convenhamos, são elas as que realmente fazem estrondoso sucesso.
Como o empresário (também meu tio) Wagner Guimarães já citou uma vez : Novela deriva de "novelo", ou seja, é definitivamente, uma coisa enrolada. Esse top V foi elaborado de forma que as obras com enrolações mais inconvenientes e piores características ficariam nos primeiros lugares. Se não fosse isso, as novelas poderiam estar bem mais próximas das histórias Marvel nesta lista, tendo em conta que, assim como as HQs, vários capítulos são gastos apenas frisando coisas que já foram mais do que esclarecidas em capítulos passados (dando vida á famosa expressão "bater na mesma tecla"). Um grande exemplo disso foi a recente e popular Avenida Brasil, obra onde foram gastas mais que duas semanas apenas com cenas desnecessárias da personagem Nina (Débora Falabella) maltratando Carminha (Adriana Esteves). E como a obra "novela" já é algo com tantos lados negativos, como propagação de ideias criminosas e de má índole, a característica "enrolação" é algo não aceitável e que muitas vezes torna a novela um elemento impossível de tolerar e assistir.

Enfim, essa foi a opinião do dono deste blog. Concordam com tudo aí? Faltou algo? Houve injustiça na organização? Deixe um comentário sobre enrolações....só que sem enrolar muito.


quinta-feira, 1 de novembro de 2012

A Vingança de Wolverine e o órfão.

Tudo começou na edição número 82 da revista Wolverine, onde se iniciou a história Jornada Para o Inferno.
A história (com roteiro de Jason Aaron e desenhos de Renato Guedes) é sobre uma das aventuras de Wolverine só que, desta vez, com um "espaço" meio inusitado: O inferno.
Uma organização chamada Mão Direita Escarlate enviou a alma de Wolverine ao inferno (com ajuda da mutante Mística), deixando o corpo de Logan na terra possuído por um demônio que atacou grande número dos X-Men e matou Namor, o Príncipe Submarino.
Estando no inferno, Logan enfrentou o morto Dentes de Sabre, muitos demônios, seu pai e até mesmo derrotou o próprio Diabo. Após escapar do inferno (com ajuda de suas amigas X-Men), Logan vai atrás de Mística em busca de vingança e em busca da localização da Mão Direita Escarlate.
Assim se iniciou a saga A Vingança de Wolverine (com roteiro de Jason Aaron e desenhos de Renato Guedes), que consistia em Wolverine enfrentando, derrotando e matando cinco lutadores d'A Mão Direita Escarlate a ponto de chegar até a última sala do prédio e se vingar dos líderes da associação que o havia enviado ao inferno. Enquanto Logan enfrenta os Mestiços (nome pelo qual eram conhecidos os cinco lutadores treinados para enfrentá-lo), nos são apresentados alguns flashbacks sobre membros d'A Mão Direita Escarlate (como do líder da associação, de uma senhora que teve o pai assassinado por Logan, de um homem que perdeu a mulher devido ao Logan e de uma samurai que teve a família devastada pelo mesmo), que vão nos dando a ideia de que "A Mão" é uma organização formada por pessoas que tiveram entes queridos assassinados por Wolverine e que tem intuito de se vingar. E, embora Logan vá derrotando todos os Mestiços, os membros insistem em dizer que tudo corre como o planejado.
Quando finalmente Logan alcança a última sala do prédio, todos os membros da organização estão mortos (suicídio) no chão, e um vídeo começa a ser exibido no telão da sala, explicando quem é a organização e porque ela existe.
E quando o leitor pensa que foi tudo em vão e eles não conseguiram se vingar de Logan, é revelado que as cinco pessoas que Wolverine matou pra chegar até a sala principal eram filhos dele que ele nunca chegou a conhecer.
"Seja vem vindo a Mão Direita Escarlate".
Agora Logan fazia parte do grupo de pessoas que tiveram entes queridos assassinados por Wolverine.
Fim da história.


Foi um final muito bom!
A história toda utilizou-se de uma estratégia que pode ser chamada de "trama de novela", que também foi utilizada recentemente na tão comentada novela "Avenida Brasil".
Um personagem foi escolhido (neste caso, Wolverine) e toda a história da obra deu aos leitores motivos para odiá-lo, achar que merecia cada ponto de todo o sofrimento. Tudo isso virou pura enrolação, volumes e mais volumes de historias complementando e justificando o ódio pelo personagem. E, quando chega ao final da historia, é revelado que o maior prejudicado por seus defeitos é o próprio personagem, causando assim pena pelo personagem, e um contraste de sentimentos do leitor que só poderia ser manipulado por um exímio escritor/roteirista.
Uma salva de palmas á João Emanuel Carneiro Jason Aaron por saber arquitetar tão bem a "trama de novela".

Voltando á "Vingança de Wolverine", é totalmente certo dizer que qualquer história possui alguns personagens desnecessários que não fariam falta nenhuma á trama. Alguns dos personagens membros d'A Mão Direita Escarlate se mostraram bem inúteis a história, pois apareceram somente para ajudar a moldar a raiva que deveríamos sentir de Logan.
Mas uma injustiça foi cometida pela grande massa de leitores dessa revista. A injustiça é relacionada ao personagem abaixo:


Sim, este garoto jovem ( de 13 anos ou menos de idade) com feições faciais parecidas com a do personagem Walt, do seriado Lost, foi responsável por alvoroço de boa parte dos fãs da revista Wolverine e também vítima de uma tremenda injustiça.
Antes, a história dele:
O garoto (que chamarei de Walt daqui em diante só para dar nome aos bois) nunca chegou a conhecer o próprio pai, sendo que a única pessoa que conhecia, amava e respeitava era sua mãe. Sua mãe, enfermeira, foi assassinada por Wolverine enquanto tentava ajudá-lo após resgatá-lo totalmente ferido.
Walt, assim, teve dentro de si despertado o desejo de vingança e não demorou muito para se unir á Mão Direita Escarlate.
Ao final da história, Walt e toda a organização morreram, e foi mostrado a chegada dos membros da organização no inferno. Enquanto os outros membros encontravam por lá seus entes queridos assassinados anteriormente, Walt permanece sozinho, chamando por sua mãe, sem obter resposta.


A injustiça foi a seguinte: Muitos dos leitores disseram que foi desnecessário a apresentação deste personagem. Disseram que, como a revista era a finalização de toda a história, o padrão de apresentar mais um membro "d'A Mão" deveria ter sido dispensado,e o foco seria jogado para a reação de Logan quando descobrisse que suas cinco últimas vítimas eram seus filhos.
Realmente, essa revolta dos fãs foi infundada, sem razão, e totalmente errada. Claro que Walt foi um personagem necessário.
É certo que não foi necessário para a trama, e nem necessário para complementar o ódio por Logan (Pois já houveram outros personagens com este papel), mas foi certamente necessário para concluir a vontade de Jason Aaron (o roteirista da história).

Digamos que Aaron quisesse dar um final "He-Man" a história, digamos que ele quisesse que toda a carnificina e drama de Logan tivesse uma função além de nos divertir. Digamos que Aaron quisesse deixar uma lição após tudo aquilo, a famosa "moral da história".
Ele quis provar que , citando Seu Madruga, a vingança nunca é plena, mata a alma e a envenena. Os outros personagens encontraram seus entes queridos e, com eles, a felicidade, pois desde jovens estavam presos a esse sentimento de vingança. Para os outros, estar perto dos entes queridos foi um estouro de felicidade.
Os tais entes queridos também não foram boas pessoas quando vivos. Alcoólatras, assassinos, ladrões e outros seres vingativos...de forma que os membros d'A Mão Direita Escarlate só poderiam encontrá-los novamente no inferno, ou em qualquer outro lugar para onde vão os "maus elementos".
Mas Walt, criança que perdeu uma mãe trabalhadora que vivia para salvar a vida dos outros, chegou até lá e não encontrou sua mãe. Tentou alcançar seu objetivo da mesma forma que os outros, mas não conseguiu, pois eram circunstâncias diferentes.
A mãe de Walt era uma boa pessoa, nunca que uma vingança maldosa iria o aproximar dela.
Toda essa filosofia e lição de vida sobre "buscar o certo da maneira errada" foi dada pela simples história do órfão Walt e sua relação com Logan.
E ainda dizem que o personagem foi desnecessário...