segunda-feira, 19 de março de 2012

Verdade.

Um homem de aparências cruzou a esquina.
Sim, um homem de aparências. Não se assuste com essa palavra, pois pessoas de aparência são o que você mais há de ver andando por aí.
Esse homem, em especial, andava sempre muito ocupado, confiante e cheio de si. Era um homem muito rico, e, por isso, possui muitos amigos. Era um homem muito bonito e, por isso, tinha as mulheres que quisesse ter. E, para poder ter todos os admiradores que quisesse, resolveu ser inteligente. Sabia o siginificado de todas as palavras, conhecia de cabo á rabo a história de cada país, e não havia um único homem no país que pudesse calcular como ele calculava. Por isso, era um homem feliz, baseado em seus amigos, seus admiradores e suas namoradas. Era um homem feliz baseado em sua esperteza, seu dinheiro e sua beleza.
Um dia, andando pelas ruas de São Paulo, atrasado para uma importante reunião que poderia o trazer novos amigos, o homem sentiu uma mão segurando seu joelho.
Assustado, olhou para baixo, e viu um velho homem sentado em um desses bancos de praça, que, por algum motivo havia o parado inesperadamente.
_O que foi, velho maluco? - O homem perguntou ao velho, pois sua simpatia era tão real quanto seus amigos, namoradas e admiradores.
O velho então, levantou sua cabeça e olhou com seus olhos azuis e tristes para o jovem homem, soluçou um momento e perguntou:
_O que é verdade?
O homem não hesitou, e ativou o dicionário que possuía dentro de sua cabeça:
_ Verdade pode ser qualidade do que é verdadeiro. Pode ser manifestação ou expressão do que se sente. Pode ser conformidade da idéia com o objeto, do dito com o feito, do discurso com a realidade.


Encarando o olhar ainda ignorante do velho, percebeu que o idoso homem não havia entendido, e tentou explicar de outras formas.
_ Verdade é aquilo que é ou existe iniludivelmente, o mesmo que realidade ou exatidão, e pode também ser a concepção clara de uma realidade. Entendeu?
O velho então olhou para o homem, assentiu com a cabeça e disse com sua voz fraca.
_Não é isso, meu jovem. - E repetiu a pergunta. - O que é verdade?
Então muitas coisas passaram pela cabeça do jovem homem. Pensou em todos seus amigos, todas as pessoas que se diziam seus admiradores, todas as mulheres que conseguira levar para a cama apenas por ter um belo rosto ou um belo carro. Pensou também em tudo o que acreditava, inclusive no que achava que o velho desejava saber.
Nada era verdade.
Então, sentou-se ao lado do velho, ignorando sua inútil reunião e perguntou para si mesmo:
_O que é verdade?

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