Antes de começar o texto eu gostaria de pedir desculpas. Pela primeira vez o uso da palavra "desculpa" no plural vai fazer sentido, porque quero pedir perdão duas vezes.
O primeiro perdão eu peço para quem constantemente visita o blog (e eu sei que tem gente que visita , pois as estatísticas do Blogspot não mentem) e não tem visto nada novo desde o dia 10 de novembro. Eu não vou mentir, dizer que estava muito ocupado para pensar no blog, pois eu nunca tive tanto tempo livre como estou tendo agora. A verdade é que não tenho postado devido a falta de criatividade que me impede de criar histórias ou escolher temas para debater e escrever artigos sobre. A preguiça também colabora, mas prometo que o blog nunca mais vai passar por essa fase vazia e sem textos como passou nesse último mês.
Agora eu tenho disposição e prometo que logo vocês verão novidades aqui no blog.
E o segundo perdão vai para qualquer um que leia o texto a seguir, mesmo que não visite o blog com uma certa frequência. Acho que esse é a primeira crítica literária em que eu não falo bem do livro (não que eu vá falar mal, longe disso, só vou mostrar que criticar não é apenas falar sobre). Então, se o texto soar um pouco "antipático" demais, não é porque sou assim, e sim porque não gostei do livro.
Se quiserem demonstrar sua opinião sobre o livro, sintam-sem á vontade,
mi casa, su casa. Desde que não tentem mudar a minha opinião, respeito a todos vocês.
E agora sim, o texto!
O livro "Diário de um Adolescente Hipocondríaco" não foi feito para ser um dos livros mais vendidos, ou para ser entitulado como "um livro para toda a família" ou para divertir e emocionar, como a maioria dos livros.
O livro foi feito para ensinar sobre várias coisas (em sua maioria a "saúde" e outros temas da adolescência).
Então, o livro é como se fosse um livro didático com histórias em formato de diário.
Resumidamente, é um tipo de livro infantil para adolescentes.
Peter Payne é um típico adolescente que anda de bicicleta, tem um amor secreto, vai ao McDonald's vai á escola e que sofre com as mudanças da adolescência. Até aí ( e até o prólogo do livro) a história parece ser interessante, cativante e atraente para qualquer adolescente (eu disse "qualquer", até mesmo os que não tenham o costume de ler) que tenha uma vida parecida com a de Peter. Mas só parece.
A partir do primeiro capítulo do livro, "Como descobri que era hipocondríaco", o leitor começa a perceber que o que ensaiava ser mais um livro adolescente estilo "Thalita Rebouças" é na verdade um guia sobre saúde entre outras curiosidades (como o corpo humano) disfarçado de sucesso adolescente.
O grande truque de fazer com que esse enorme guia se pareça com um diário são as minúsculas partes em que Peter para por alguns segundos de escrever quantas batidas nosso coração dá por minuto e conta sobre como ficou preocupado quando descobriu na escola quantas batidas nosso coração dá por minuto. Ou seja, o livro se divide em "Peter falando sobre doenças" e "Peter falando sobre como saber sobre as doenças afetaram a vida dele".
Em certo ponto na criãção e desenvolvimento do livro, os autores (Aidan Macfarlane e Ann McPherson) perceberam que se aquilo era destinado aos adolescentes, não deveriam haver apenas informações que ajudassem os garotos (porque muitas vezes no livro, "temas masculinos" como masturbação, espermatozóides e espinhas são tidos como prioridade). Então, para que as garotas também aprendessem algo com aquele livro, os atuores resolveram que Peter deveria entrar no quarto de sua irmã mais nova Susie e roubar seu diário. Não apenas para ler, tudo o que Peter leu no diário de Susie, ele re-escreve em seu próprio diário como se soubesse que alguém, algum dia iria se interessar e ler o diário que ele escreveu quando tinha apenas quatorze anos de idade.
E em todas as vezes em que escreve sobre o que leu no diário de Susie, Peter narra detalhadamente curiosidades sobre "coisas de garota", como menstruação, preocupação com o peso, gravidez, e etc.
Parece que Macfarlane e McPherson gostaram de escrever sobre curiosidades femininas, pois um tempo depois eles lançaram o livro "Diário de Susie", onde dão prioridade as doenças femininas.
Mas não vamos perder o foco, e continuar falando do "Diário de um adolescente hipocondríaco".
É injusto culpar os autores do livro por tudo o que eu disse acima, pois "escritor" não é a profissão que os dois exercem com mais maestria. Aidan Mcfarane, por exemplo, é pediatra e alguns de seus livros já escritos são "A psicologia do parto" e "O livro de bolso da saúde da criança". Já Ann McPherson é especialista em clínica geral e também é autora de "Aborto espontâneo" e "Problemas da mulher na clínica geral". Portanto, o objetivo dessa crítica é criticar o livro e não seus autores.
Peter e sua irmã Susie não são os únicos personagens do livro, embora sejam os que mais "apareçam" devido a serem os únicos que se interessam com a saúde acima de tudo. Outros personagens citados e que poucas vezes fazem algo de importante para a trama são os pais de Peter (que discutem bastante, o que proporciona ao leiotr vários parágrafos sobre divórcio), a irmã mais velha de Peter (que em certo momento do livro pensa estar grávida, nos rendendo alguns parágrafos sobre gravidez na adolescência), o melhor amigo de Peter (que não tem nenhuma utilidade na trama, só é mencionado porque todo "personagem adolescente" precisa de um melhor amigo), e a garota por qual Peter é apaixonado (talvez a mais mencionada de todos dessa lista de personagens). Sobre a amada de Peter, é válido mencionar que o livro acaba com os dois se beijando, e é muito impressionante que depois do beijo não haja um grande capítulo sobre doenças transmitidas por um beijo.
Um dos únicos motivos para o livro não ser um fracasso total, são as ilustrações. O ilustrador John Astrop tem muito talento e a ilustração de Peter e Cilla se beijando é uma das partes mais interessantes do livro, e é uma das poucas coisas no livro que realmente ilustra algo que interessa os "típicos leitores adolescentes".
E, por último, se quiserem comprar este livro, comprem. Mas não compre acreditando em tudo que os sites de vendas dizem, pois tanto na descrição deste livro como na descrição de O Diário de Susie havia a frase "O livro é escrito em linguagem jovem, o que cria maior proximidade entre o leitor e a obra." É mentira! Eu li o livro, e é apenas mais um daqueles constantes livros/filmes/programas de Tv que tentam se aproximar do leitor/telespectador usando gírias o tempo todo. E como todo clichê adolescente, o livro contém gírias que não são usadas, como maneiras de nomear coisas como órgãos sexuais e drogas.
E para finalizar, o fato do livro ter sido escrito apenas para informar não está apenas na minha cabeça, mas também na cabeça dos autores, tanto que no final do livro há um índice onomástico que ajuda a manter o leitor informado sobre tudo o que deveria ter aprendido durante a leitura do livro.