Em Bela Adormecida, de 1959, foi-nos apresentada Aurora, a terceira princesa oficial da linha de princesas Disney, tendo como antecessoras apenas as clássicas Branca de Neve e Cinderela, sendo também a primeira princesa cujo título do filme não é seu nome próprio.
Em todas as linhas de bonecas, toalhas, desenhos e derivados, Aurora é sempre a de menor destaque. Talvez seja porque seu maior feito conhecido seja dormir por bastante tempo, ou porque as crianças não consigam associá-la com uma única cor, já que seu vestido é ora azul e ora rosa (devido a uma piada do próprio filme sobre as fadas Flora e Primavera trocarem as cores de seu vestido frequentemente).
Portanto, popular com as crianças ou não, Bela Adormecida reúne o que há de mais clássico em todos os contos de fada Disney e criou vários conceitos utilizados ainda em próximos filmes da Disney.
Dentro da própria Disney, dentro do núcleo de princesas e dentro do núcleo de filmes de contos de fada, Aurora consegui se mostrar em referências fortes...mesmo dormindo.
Começando pelo incomum, é válido citar o único item desta lista que não tem ligações com a Disney. Shrek, da DreamWorks!! Empresa que na época de lançamento do filme nem existia (fundada em 1994) mas que hoje apresenta ameaça para Disney Studios como um dos maiores concorrentes em produção de animações.
Shrek trata-se de um ogro sujo e bem-humorada que, ao apaixonar-se por uma princesa encantada, mostra que contos de fadas nunca irão ser assunto saturado, possuindo referências e participações de vários personagens.
E quem diria que A PRIMEIRA história a ser referenciada em todo o longa-metragem seria Bela Adormecida. Pois a primeira cena de ambos os filmes é simplesmente a história sendo contada a partir de um livro, que se abre e, em papel antigo e estilo quase que medieval, contém, respectivamente, a vida de Aurora e Fiona.
E considerando que um filme é de 1959 e outro é de 2001, é fácil notar qual se inspirou em qual.
E isso não para por aí! Ainda em Shrek, Princesa Fiona reproduz, enquanto caminha pela floresta, a clássica cena de Princesa Aurora cantando com um pássaro azul. A diferença é que o desfecho de cada uma das cenas é bem diferente.
Enquanto Aurora reúne outros animais (e posteriormente um príncipe) para ouvi-la cantar, Fiona desafia o pássaro em uma batalha vocal no que resulta...na explosão do animal.
Ainda focando nesta mesma cena da cantoria com o pássaro azul, dentro do próprio filme Bela Adormecida, algo curioso acontece.
Aparecendo mais que qualquer outro animalzinho da floresta nesta cena, está a coruja.
É a responsável por perguntar "who" ("quem", em inglês) quando Aurora diz que está apaixonada por alguém que viu em um sonho, e a principal na personificação de príncipe que as aves da floresta resolveram fazer com as vestes encontradas em uma árvore.
Porém, somente com muita atenção à datas que um atento Disney boy fã da Disney poderia notar que essa coruja é um ensaio. Apenas um teste para ver se ela funcionaria bem na tela, se seria fácil de animar...se passaria carisma nas cenas que interpretaria.
Pois em 1961, dois anos depois do lançamento da animação, seria iniciada a série de longas e curta-metragens com Ursinho Pooh (devido aos direitos recém concedidos por Shirley Slesinger, esposa do criador do personagem), o que incluía o Corujão.
E acidentalmente ou não, Corujão e a corujinha de Bela Adormecida são extremamente parecidos, criando duas possibilidades:
- A de existir um padrão Disney de desenhar corujas.
- Ou que a coruja é a mesma nos dois filmes, filhote em um e adulta em outro, considerando que há dois anos de diferença entre um e outro.
Sem tirar o foco dos animais presentes no filme..lembre-se de Sansão, o cavalo.
Em toda a história de filmes da Disney, os cavalos talvez são uma das espécies de animais que mais estiveram presentes. Com ou sem falas, um cavalo de personalidade forte sempre acaba dando mais característica de afeto a um príncipe apático e inexpressivo (personagem indispensável para filmes de princesa).
Nos dois filmes anteriores, não havia sinal desses cavalos carismáticos. Mas depois que Sansão surgiu correndo com Príncipe Phillip nas costas em troca de um balde d'água e cenouras, nenhum cavalo Disney foi o mesmo. Nem Pegasus de Hércules, nem Aquiles de Corcunda de Notre Dame, nem Buck de Nem Que a Vaca Tussa, nem Maximus de Enrolados...e novamente fugindo para DreamWorks Animation, nem Altivo de O Caminho Para El Dorado ou Spirit de O Corcel Indomável.
Tudo isso devido a Sansão.
Agora, chega de prestar atenção em animais sem fala, figurantes e objetos de cena...foque, desta vez, naquela que todos focam. A personagem favorita de todo mundo: Malévola, a fada maligna.
Irritada por não ter sido convidada para a festa da princesa Aurora, Malévola amaldiçoa o bebê ao dizer que quando completar dezesseis anos, a jovem espetará o dedo em uma roca e morrerá. Após uma fada amenizar a pena de morte para sono profundo, Malévola acabou sendo a culpada pelo título "adormecida" ser dado para, até então apenas bela, Aurora.
Malévola esbanja, em seu visual, arrogância, maldade, superioridade e elegância. Muito disso apenas em seus olhos, cansados, belos e assustadores.
Ganhando neste filme o status de maior vilã da Disney (considerada por muitos fãs, críticos e até mesmo os jogos da série Kingdom Hearts), Malévola foi OBVIAMENTE o motivo de muitos vilões seguintes da Disney adotarem o estilo que adotam.
Logo dois anos depois, em 101 Dálmatas, Cruela Cruel se mostrou uma versão "atual" e um pouco cômica de Malévola, também elegante e extremamente cruel (como diz o próprio sobrenome). Anos mais tarde, Jafar se mostrou, em Aladdin, uma versão máscula e árabe de Malévola. E Scar, em Rei Leão, uma versão leonina e, talvez, até mais feminina do que a original Malévola. E para esculhambar toda a atmosfera de vilã séria que Malévola estava mantendo nos seus "discípulos" da Disney má, Yzma, de A Nova Onda do Imperador, surgiu em 2001...com cabelo nas axilas, fazendo piadas de cultura pop e se transformando em gato.
Porém, o estilo de Malévola permaneceu.
E para provar que Malévola é sim a personagem mais importante de todo o filme, ela foi a única a ganhar neste ano um filme solo.
Estreando em junho de 2014, Malévola (dirigido pelo estrante Robert Stromberg) conta a versão "oficial" de Bela Adormecida, pelos olhos da vilã...que se mostra não ser tão vilã assim conforme o filme se desenvolve.
O filme em si mesmo não é tão bom. Chega a ser razoável devido ás batalhas bem elaboradas, a história bem contada, as exemplares atuações (Elle Fanning e Angelina Jolie brilham) e a boa representação do tom sombrio que já está quase enchendo o saco em filmes.
Porém, os fatos são atropelados e apressados demais, o que lhe prejudica quando se está substituindo a versão de uma história por outra. Além de que é difícil gostar de um filme com um personagem clássico se você destrói a principal característica da personagem protagonista.
O sentimento é de desaprovação quando se pensa "O nome dela é Malévola e você está me dizendo que ela não é má?".
Porém, não deixa de ser um derivado de Bela Adormecida e, cá entre nós, o mais perceptível e com maior repercussão...até agora.
A verdade é que a Disney, em seus primórdios, era algo muito maior do que é hoje. Enquanto agora sempre são lançados filmes cada vez menos significativos e relevantes que não fazem diferença nenhuma em filmes que estão por vir...sorrisos surgem em nossos rostos ao lembrar que um filme lançado em 1959 até hoje dá frutos.
A Bela Adormecida nunca esteve tão acordada quanto agora!
Olá!
ResponderExcluirDepois de tanto antropomorfismo, ainda deixou viva a vontade de ir assistir a Malévola. ;]
Até breve.
Bom ... Confesso que não sabia dessas curiosidades, muito bom, voltou com tudo !
ResponderExcluirDez anos se passaram, e a resenha envelheceu bem.
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