Arte de Mateus Queiroz |
Aquela garota. Ninfadora Tonks. Isso, a dos cabelos coloridos. Ela é diferente, de um jeito engraçado, chamativo. Devem ser os cabelos que mudam de cor de três em três horas, aquela mania engraçada de mudar a cara ou o corpo tão bonito que me causa estranheza o fato de ela fazer parte d'A Ordem.Jovem e encantadora.
O de diferente também era o nível de incomum que ela tinha em nossas reuniões. Enquanto eu, velho e cicatrizado, comia chocolate em silêncio, Moody resmungava com metade do nariz faltando e o Kingsley olhava pra todos com seus olhos arregalados e cansados...Tonks olhava sorrindo pra todos, sendo jovem.
Ela deve ser interessante! Ela é interessante!
Mas de nada vale um interesse quando se há a possibilidade de virar um monstro em um jantar noturno e arrancar a cabeça da Ninf...não, não Ninfadora! Não uma bruxa interessante, bonita e que me encanta. E sim uma criança, ameaçada pela maldição que me persegue.
Entenda, Lupin!! Você é um maldito lobisomem, o medo que a garota teria é infinitamente maior do que o encanto que ela proporciona.
Eu consigo conjurar um patrono poderoso o suficiente para derrubar as paredes de Azkaban.
Eu consigo me transformar em uma fera lupina sem consciência ou escrúpulos.
Eu consigo até deixar um dementador inconsciente com simples feitiços como o Riddikulus
Mas se existe algo que eu não consigo é me manter afastado de Tonks. Eu realmente tentei. Mas o fato de trabalharmos juntos não colabora. E ela parece tão entusiasmada por estar n'A Ordem, curtindo tudo aquilo como se fosse mais um dia de loucura adolescente com que estava acostumada. E sempre perto de mim. Seus cabelos coloridos sempre perto de mim, assim como sua pele de texturas e cores mutáveis, suas vestes sujas e de couro....e o espírito que, independente do corpo que ela escolhesse, sempre se mantinha rebelde e exótico...assim como seu nome. Sempre perto de mim, tão perto e tão distante. Assim por minha escolha.
Sem contar que tem mais essa - Sirius Black, meu melhor amigo da época da escola, acaba de sair de Azkaban e agora convive conosco, depois de toda uma burocracia que teve que enfrentar por Hogwarts. A maior é que Sirius e Ninfadora são da mesma família (assim como Narcisa, Belatriz e Andrômeda, mãe de Tonks).
É uma grande coincidência que os únicos Black de bom coração acabaram conquistando um espaço no meu. Sirius como um amigo, uma espécie de irmão que Hogwarts e Os Marotos me deram. E Tonks é...a garota que amo.
Claro que isso não importa. Mesmo que o amor seja o sentimento mais belo de todos, de que adiantaria praticá-lo com um monstro dentro de mim só esperando pra tirar sangue deste coração pulsante?
Um lobisomem e uma criança. Nosso amor resultaria em dor. Mas sabe de uma coisa? Nunca ansiei tanto pela dor.
Foi num dia desses que eu não sabia como me sentir. Era um dia feliz, um dia de comemoração. Sentados em volta de uma mesa no Três Vassouras, eu e boa parte dos membros da Ordem enchíamos a cara de cerveja amanteigada. Claro, o motivo da comemoração não estava por lá...ainda era muito cedo para que Sirius ficasse conosco em público....talvez isso nunca chegaria. Um grupo de detentores da magia negra não pode andar por aí com alguém que é considerado um dos mestres de tal magia.
Mas de qualquer maneira, estávamos bebendo e rindo pelo fato do grande Sirius ter escapado de Azkaban.
- Ele ainda está bonito. Mesmo depois de Azkaban, não acham?
Um comentário inocente, entre amigos e alguns copos de cerveja. E não sei se foram as cervejas ou o conforto que eu estava sentindo (porque, por Merlin, meu amigo escapou de Azkaban!), mas abri a boca e deixei um comentário escapar. Um comentário com besteiras e alguns medos que eu tinha, mas que, tenho certeza, soaram mais como loucuras de um bêbado:
- Você pode ter se apaixonado por ele. - E entre risos, soltei mais uma lembrança de meu colega de escola. - Ele sempre teve as garotas.
E tão rápido quanto eu disse minha besteira misturada com o que eu pensava e temia ser verdade, Tonks (há tempos eu não a chamava mais de Ninfadora) resmungou sua verdade que fingimos não entender:
- Você saberia perfeitamente por quem eu me apaixonei se não estivesse tão ocupado sentindo pena de si mesmo.
Eu já fui atacado por Comensais da Morte, bruxos das trevas, trouxas enfurecidos e até por uma árvore viva. Mas o que ela disse foi como um tapa em meu rosto. Um tapa daqueles que te deixa sentindo dor...um certo arrependimento por ter deixado-a com raiva e uma certa dor por notar que ela sentia algo por mim. Ela sentia algo por um monstro assassino, e isso Tonks nunca mereceu.
Porém, também foi o tipo de tapa que meu egoísmo (uma das poucas características humanas que me restavam) fez com que fosse confortável. Confortável porque, sendo um tapa ou uma carícia, ela me tocou de algum modo.
Felizmente, Tonks gosta de mim. Infelizmente, Tonks gosta de mim. O homem é o lobo do homem, a indecisão entre felicidade e medo...é o que define o amor.
Eu simplesmente devo vários agradecimentos a Sirius Black.
Além de ser um ótimo amigo e me ajudar na época de escola, ele foi do tipo de pessoa que mesmo debaixo de lama ou sangue, seu sorriso continua sincero...independente das circunstâncias, Sirius sempre foi meu irmão.
Além disso, ele era o assunto. O assunto em comum que eu e Tonks tínhamos. E eu o agradeço por isso.
A adolescência de Sirius, o parentesco dele com minha ruiva/loira/morena favorita, nossas aventuras enquanto Marotos e membros da Ordem da Fênix...todos esse assuntos eram o que tornavam animadas as nossas conversas quando o silêncio surgia.
Em nosso caso, é preciso quebrar o silêncio. O silêncio nos faz pensar, e pra nenhum de nós dois é bom ficar pensando. Ela com certeza se lembraria que é a única, além de Sirius, na família que não mata inocentes ou segue fielmente a Voldemort (sendo também uma das poucas "Black" que o chamava pelo nome). E o silêncio simplesmente me lembrava da maldição que estava em mim...um silêncio familiar para quem só é ele mesmo debaixo de um céu enegrecido e uma lua cheia brilhante. Assim, Sirius Black, o cara mais barulhento que eu conheço, nos ajudava a quebrar aquele silêncio desconfortável.
Principalmente, deveria agradecer Sirius por ter sido o assunto responsável por Tonks finalmente dizer que gostava de mim.
Se você estiver me ouvindo, Almofadinhas, quero que saiba que sou grato a ti. Me ajudou a ser um adolescente seguro, e depois, um adulto feliz.
- Remo, precisamos conversar.
- Tonks, sobre o outro dia. Desculpe pela brincad...
- Não peça desculpas. Fiquei feliz que você brincou.
- Feliz? Me pareceu tão brava.
- No momento, sim. Mas fiquei feliz depois. Se não fosse por aquilo, eu não teria outra chance pra dizer o que sempre quis.
- Sobre a beleza do Sirius? As garotas diziam isso o tempo todo no tempo de escola.
- Por favor, não haja como um idiota arrogante que você não é. Não agora. - Tonks nunca me pareceu tão adulta. - Olhe pra mim, Remo.
Eu olhei. A garota segurou meu pescoço como se quisesse me esganar (eu realmente pensei que isso era o que ela queria fazer) e o puxou para perto de seu rosto. De olhos arregalados e ofegando quase que instantaneamente, vi a Tonks se aproximar cada vez mais...e me beijou. Na verdade, nos beijamos.
Eu me senti tão bem. Finalmente tive aquilo que eu sempre quis...um beijo. E não qualquer beijo, um beijo da Tonks. Por conhecê-la tão bem, soube que a partir daquele momento não éramos mais colegas de trabalho ou conhecidos. Um beijo, tanto pra mim quanto pra ela, significava uma união. A união confortável de dois amantes que finalmente disseram a verdade. Para nós dois, estava claro que éramos, agora, um casal.
Mas durante aqueles segundos que o beijo durou, notei muito mais coisas que ela. Um monstro apaixonado Para mim, estava claro que eu estava fazendo a melhor coisa da minha vida, mas a pior coisa pra ela. Um monstro que deixou a donzela iludida entrar em seu castelo, sabendo que qualquer sentimento puro e inocente seria convertido a sofrimento. Pra mim, estava claro que Tonks estava condenada.
- Eu te amo, Tonks.
- E eu te amo....Professor Lupin. - Ela riu, aquele sorriso de criança que me deixava feliz como uma.
Nos beijamos de novo. Segurei sua mão sabendo que quando a soltasse, minha vida terminaria.
A partir daquele momento, comecei a viver. E a partir daquele momento, Tonks estava morta.
O dia em que fui mais cruel, o dia em que fui mais feliz. Como sempre, um maldito lobisomem egoísta.
Bom raphael , gostei muito da historia gostaria ate de saber um pouco mais. É triste que no filme quase nao aprace nada sobre a historia deles , mais triste ainda que eles morrem . Mais gostei muito da sua fanfic . Faca mais !!!
ResponderExcluirDe uma leitora compulsiva para um escritor conpulsivo obrigada !!! Amei a fanfic !
Bom raphael , gostei muito da historia gostaria ate de saber um pouco mais. É triste que no filme quase nao aprace nada sobre a historia deles , mais triste ainda que eles morrem . Mais gostei muito da sua fanfic . Faca mais !!!
ResponderExcluirDe uma leitora compulsiva para um escritor conpulsivo obrigada !!! Amei a fanfic !
Obrigado, Tayna. Acho que a história de amor de Lupin e Tonks foi algo das coisas menos aproveitadas na saga e que eles mereciam mais espaço, também.
ResponderExcluirLogo logo vem mais disso aqui pelo blog, obrigado pelo comentário.
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